Carne bovina sente a pressão de Trump, e a de frango se recupera

Os efeitos da gripe aviária começam a diminuir nas exportações de carne de aves.

BATANEWS/BRASILAGRO


BOI E FRANGO- FOTO PIXABAY

Os efeitos dotarifaço de Donald Trumpainda estão por vir. A balança comercial do mês passado já aponta desaceleração nas exportações doagronegóciopara os americanos, mas ainda sem grandes mudanças.

Caféecarnebovina, dois dos produtos que entraram na lista de punição do presidente americano, estiveram entre as quedas. A carne bovina repete, em julho, o desempenho de junho, e o café teve a menor exportação do ano, uma tendência, porém, que também ocorreu no ano passado.

As exportações de carne bovina de julho para osEstados Unidosmantiveram o patamar de 18,2 mil toneladas de junho. Esse volume, no entanto, está bem abaixo das 48 mil de abril. Os dados são Secex (Secretaria de Comércio Exterior) e foram divulgados nesta quarta-feira (6).

Já as vendas externas de carne suína para os americanos recuaram forte. Foram 402 toneladas, abaixo do volume de junho, de 1.140 de junho. O setor tinha iniciado o ano com vendas de 4.730 toneladas. Os Estados Unidos ocupam apenas o 11º lugar no ranking das exportações brasileiras dessa proteína.

Os brasileiros não exportam carne defrangopara os americanos, mas o setor mostra uma recuperação das vendas externas, após a ocorrência do primeiro caso de gripe aviária no país. Em abril, as exportações estavam em 463 mil toneladas, caíram para 328 mil em junho e voltaram para 386 mil em julho.

As exportações acumuladas de carne ainda mostram bom crescimento neste ano, em relação aos números de janeiro a julho de 2024. A melhora dos preços externos, principalmente no setor de carne bovina, elevaram as receitas obtidas pelos brasileiros para US$ 16,5 bilhões até julho, 16% a mais do que em igual período de 2024. O volume exportado subiu para 5,5 milhões de toneladas.

O maior destaque é para a carne bovina, que já soma US$ 9 bilhões no ano, com vendas de 1,8 milhão de toneladas. A China se mantém na liderança das compras dessa proteína brasileira. Foram 790 mil toneladas, com gastos de US$ 4,1 bilhões no ano.

Os Estados Unidos vêm a seguir, com a importação de 200 mil toneladas e gastos de US$ 1,2 bilhão.

O setor de frango obteve US$ 5,5 bilhões, colocando 2,9 milhões de toneladas no mercado externo. Em volume, os Emirados Árabes Unidos assumiram a ponta nas compras do produto brasileiro, seguidos da Arábia Saudita e da China. Em receitas, a liderança é da Arábia Saudita.

As exportações de carne suína continuam em patamares recordes, somando US$ 2 bilhões no ano. O volume exportado já atinge 840 mil toneladas, com liderança das Filipinas nas compras do ano. Deixando para trás os chineses, os filipinos adquiriram 193 mil toneladas.

As exportações de café, devido à elevação dos preços no mercado externo, somaram US$ 8,3 bilhões nos sete primeiros meses do ano. Os Estados Unidos foram responsáveis por US$ 1,3 bilhão dessas receitas obtidas pelo Brasil.

No mês passado, conforme os dados da Secex, os americanos reduziram as importações de café para US$ 129 milhões, as menores do ano, mas essa tendência também tinha ocorrido no mesmo período de 2024.

As frutas, que também sofrerão a tarifa de 50%, somaram vendas totais de US$ 650 milhões até julho, 19% a mais do que em igual período do ano passado. Alguns produtos com boa presença no mercado americano, como a manga, vão sofrer mais.

Entre os principais produtos brasileiros do agronegócio exportados para os Estados Unidos neste ano estão café, madeira, carnes, hortícolas e frutas, açúcar e celulose (Folha, 7/8/25)