Policial
Empresário que matou ex-jogador de vôlei nega ter agido por ciúmes e diz que foi extorquido pela vítima
Idirley Alves Pacheco se entregou à DHPP na manhã desta segunda-feira (14)
BATANEWS/REPORTERMT
O empresário Idirley Alves Pacheco, acusado de matar a tiros o ex-jogador de vôlei Everton Fagundes Pereira da Conceição, de 45 anos, negou à Polícia Civil que a assassinou a vítima por ciúmes da ex-esposa. Em depoimento prestado nesta segunda-feira (14), ele disse ao delegado que estava sendo extorquido pela vítima. A versão dele será investigada pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que trabalha com a hipótese de que o crime tenha motivação passional.
“É uma versão dele de que a motivação seria extorsão. Não quer dizer que a polícia vai acreditar nessa versão. É uma versão dele. Por óbvio, ele tem até o direito de permanecer em silêncio e dar a versão que melhor lhe aprouver”, esclareceu o delegado Caio Albuquerque, que conduz o caso.
Quatro dias após o crime, Idirley se entregou à polícia nesta manhã e passou por oitiva na DHPP. Durante seu depoimento, ele contou ainda que a arma que usou para matar Everton, era da própria vítima.
Em conversa com a imprensa, o advogado que patrocina a defesa de Idirley, Rodrigo Pouso, negou que seu cliente tenha premeditado o crime e defendeu a versão de que o empresário foi extorquido pela vítima, que teria pedido uma Amarok, metade de um terreno e R$70 mil com a suposta conversa de que os bens seriam repassados para a ex-esposa de Idirley, da qual o empresário está separado há seis meses.
Ainda segundo Pouso, Everton teria atuado como uma espécie de conciliador no divórcio do casal.
Até o momento, a Polícia Civil vinha trabalhando com a suspeita de que o assassinato teria sido motivado por ciúmes. Informações iniciais apontaram que Idirley estava desconfiado que Everton mantinha um relacionamento com a sua ex-esposa.
Essa informação, no entanto, foi refutada pelo assassino, que disse que ficou sabendo desse suposto relacionamento pela imprensa.
Após ter se entregado na DHPP, a Polícia Civil deu início, ainda nesta manhã, às diligências para encontrar a arma usada para matar a vítima. De acordo com o delegado, o assassino disse que entregaria o revolver, que teria jogado no caminho que ele teria feito após cometer o crime. Esse caminho foi refeito pelos policiais, na companhia de Idirley. No entanto, a arma não foi localizada.
“Espontaneamente ele disse que entregaria a arma. As equipes foram até o local, só que a arma não estava lá. Foi feito um percurso que, segundo ele, é o trajeto que ele fez depois dos disparos, até pra se entender a dinâmica, mas a arma não foi encontrada”, explicou Caio Albuquerque.
Ainda nesta segunda, Idirley passará por audiência de custódia.
O crime
Everton Fagundes foi assassinado na última quinta-feira (10), nas proximidades do bairro Bom Clima, em Cuiabá. Ele foi atingido com pelo menos três tiros na região da cabeça, no momento em que dirigia uma Amarok, ao lado de Idirlei, que estava no banco do carona.
Após atirar na vítima, Idirley saltou do carro em movimento e fugiu.
De acordo com a Polícia Civil, a vítima e o assassino eram amigos.
Idirley teria armado uma emboscada e pedido ajuda para Everton para levar a Amarok para um local não informado.
Em determinado momento, a vítima teria parado o carro a pedido de Idirley, que desceu para, supostamente, entregar umas roupas da filha para a ex-esposa, que estava acompanhando os dois em uma segunda caminhonete.
Após entregar as roupas, Idirley voltou para a Amarok, só que desta vez no banco de trás.
Neste momento, o assassino teria sacado a arma e apontado para a cabeça de Everton, que passou a determinar que a vítima dirigisse sob a mira do revólver.
Quando chegaram na avenida República do Líbano, Idirley atirou em Everton, saltou do carro em movimento e fugiu.
Sem controle, a Amarok bateu em uma Ford F350, o que chamou a atenção de uma guarnição da Polícia Militar, que passava pelo local. Os militares desceram para verificar a situação e se depararam com Everton morto ao volante.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada e constatou a morte da vítima.
Enquanto a PM atendia a ocorrência, a ex-mulher de Idirley teria ido à delegacia, denunciar que Everton foi sequestrado pelo ex-marido dela.
Foi ela quem contou que acompanhava a Amarok e que Idirley teria descido para entrega-la as roupas da filha que eles têm em comum. No entanto, após voltar para a caminhonete, eles saíram em alta velocidade, segundo ela. Depois disso, ela não conseguiu mais acompanhar os dois. Por esse motivo teria ido à delegacia informar a situação.
À imprensa, o delegado Caio Albuquerque informou que a ex-esposa do assassino já passou por oitiva na DHPP, mas que será preciso ouvi-la novamente para esclarecer a versão apresentada por Idirley, sobre a suporta extorsão. Outras pessoas do círculo pessoal dos envolvidos também deverão ser ouvidos.
O delegado quer ainda apurar se a mulher era vítima de violência doméstica, pois ela tinha uma medida protetiva em desfavor de Idirley.
“Nós vamos ouvir reoitivar a ex-esposa pra checar as informações, e outras pessoas pra revelar se ela passava por violência doméstica, porque ela tinha medida protetiva em desfavor dele’, ressaltou o delegado.
“Vamos nos debruçar pra esclarecer o que aconteceu mesmo”, acrescentou.