Em carta oficial, Galípolo diz que inflação voltará a menos de 4,5% só em 2026

IPCA de junho acumulou 5,3% em 12 meses e completou o sexto mês seguido acima de 5% desde janeiro

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CUSTO ALTO - Galípolo: aumento da Selic encarece as linhas de empréstimos (Ton Molina/Fotoarena/.)

Completos seis meses com a inflação do país furando o teto de tolerância da meta estipulada, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, divulgou na noite desta quinta-feira, 10, carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No documento, ele explica as razões para a inflação do país estar alta e indica prazos e medidas para que volte para dentro da banda de tolerância e, em última instância, para o centro da meta – que é de 3%, com uma margem de acomodação entre 1,5% e 4,5%. Divulgado pela manhã, o IPCA de junho acumulou 5,3% em 12 meses, e completou o sexto mês seguido acima de 5% desde janeiro, quando passou a valer o chamado regime de metas contínuas.

Por esse novo regime, o presidente do BC deve escrever uma carta aberta explicando os problemas a cada vez que a inflação passar seis meses acima do teto. Antes, isso só era necessário quando caso a inflação encerrasse o ano fora dos limites.

No documento, Galípolo afirma que a previsão do BC é que a inflação “retorne aos limites estabelecidos no intervalo de tolerância a partir do final do primeiro trimestre de 2026” – isto é, o IPCA não deve voltar para baixo de 4,5% até março do ano que vem. Caso esse prazo não seja cumprido também, o presidente do BC deverá apresentar uma nova carta aberta como essa, estipulando novo horizonte.

A carta não estima prazo para que a inflação retorne ao centro da meta em si, de 3%, que é o real objetivo do BC, mas citas as projeções de mercado, pelas quais isto não deve acontecer até 2027. “O Banco Central se manterá atento à evolução das pressões inflacionárias e não hesitará em tomar medidas adicionais, caso julgue apropriado”, afirma.

Sistema de meta contínua

Desde janeiro de 2025, está em vigor o sistema de meta contínua, a primeira grande mudança no funcionamento do sistema em seus 26 anos de existência. Pela nova metodologia, a meta passou a ser considerada desrespeitada sempre que o resultado da inflação ficar fora das margens de tolerância por mais de seis meses seguidos, num modelo mais semelhante ao que já acontece no resto do mundo. Antes disso, o Brasil só cobrava a inflação dentro do alvo ao fim de cada ano, em dezembro.