O torcedor brasileiro conhece muito bem essa realidade: muitas vezes os campeonatos estaduais são colocados em segundo (ou até terceiro) plano em relação ao restante da temporada, mas bastam alguns resultados decepcionantes para a balança virar. E a competição que não era prioridade derruba treinadores e abre crises em diversos clubes do país.

Mas o que os estaduais brasileiros têm a ver com a Copa do Mundo de Clubes? A nova competição da Fifa também sofreu críticas por inchar o calendário internacional e gerou dúvidas sobre o nível de interesse que despertaria nos grandes times da Europa.

Com a bola rolando, a história tão conhecida no Brasil ganhou uma "versão" Copa do Mundo. Times europeus que, para muitos, disputariam o torneio apenas "por obrigação" voltaram para casa sob pressão devido aos maus resultados.

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A Inter de Milão, por exemplo, viu explodir uma crise no elenco imediatamente após a eliminação para o Fluminense, nas oitavas de final. Ídolo do time italiano, o argentino Lautaro Martínez soltou o verbo:

- A mensagem é clara: fica quem quiser ficar, e quem quiser sair, sai. Vi muitas coisas aqui de que não gostei. Sou o capitão e quero continuar no topo. Quem não quiser ficar, pode ir embora - declarou o camisa 10 aos jornalistas, poucos minutos depois da derrota por 2 a 0 para o tricolor carioca.

O forte desabafo ecoou na diretoria, mas em vez de tentar amenizar a situação, o presidente Giuseppe Marotta colocou mais lenha na fogueira, ao dizer que as críticas de Lautaro foram direcionadas ao turco Hakan Çalhanoglu, outro nome importante do elenco, que negocia com o Galatasaray e não enfrentou o Flu por estar lesionado.

Çalhanoglu, por sua vez, respondeu a Lautaro: "Nunca traí esta camisa", publicou o turco em uma rede social. E o post recebeu uma curtida de outro jogador da Inter, o francês Marcus Thuram. A crise parece estar apenas no começo.

Técnico da Inter reúne jogadores para resolver crise após derrota para o Fluminense

Copa do Mundo derruba dois técnicos

Quando se trata de crise causada por maus resultados, demissão de técnico é um clássico. E não poderia faltar na Copa do Mundo dos Clubes. Em dose dupla, por sinal.

Com a pior campanha entre os 12 europeus participantes, o Porto demitiu o treinador argentino Martín Anselmi apenas uma semana após a saída do time na primeira fase, com dois empates e uma derrota no Grupo A. O técnico de 39 anos, contratado no início de 2025, ficou menos de seis meses no cargo.

Quem durou ainda menos foi o técnico português Renato Paiva, que chegou ao Botafogo no fim de fevereiro e foi demitido pelo dono da SAF alvinegra, John Textor, depois da derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, nas oitavas de final.

Na fase de grupos, o Botafogo venceu por 1 a 0 o Paris Saint-Germain, atual campeão europeu, e se classificou em segundo na chave, deixando para trás o Atlético de Madrid. No entanto, nem mesmo a façanha de ter avançado às oitavas em um grupo com dois grandes da Europa foi suficiente para segurar Paiva no comando. Ao saber da demissão, o agora ex-treinador atribuiu sua saída à recusa de aceitar interferência velada de Textor na escalação do time.

City decepciona mais uma vez na temporada

No Manchester City, risco de demissão não preocupa Pep Guardiola. O que tem tirado o sono do técnico espanhol é a dificuldade para fazer o time inglês voltar aos trilhos. Encerrando uma temporada de muitas decepções e apenas um título, a inexpressiva Supercopa da Inglaterra, Guardiola viu na Copa do Mundo de Clubes a chance de "virar a chave".

E tudo parecia ir bem, com as três vitórias que deram ao City a melhor campanha da primeira fase. Guardiola não cansava de repetir o quanto estava satisfeito por estar disputando a competição, que ele tratou não como o fim da temporada 2024/25, mas já como o início da próxima. Até chegar a surpreendente derrota para o Al-Hilal, nas oitavas de final, resultado que reacendeu as dúvidas sobre a capacidade do elenco para recolocar o City no caminho dos títulos.

Enquanto o elenco tira férias, Guardiola e a diretoria do City têm decisões a tomar em relação ao grupo que disputará a próxima temporada. Segundo reportagem do "Daily Mail", o clube "reconhece a necessidade de se desfazer de um número significativo de jogadores" até agosto.

Após a derrota para o Al-Hilal, Guardiola desconversou sobre a possibilidade de enxugar o elenco.

- Não faço ideia. Vamos ver com o clube, vamos conversar com os jogadores também. Muitas coisas podem acontecer.

Na Espanha, a volta para casa do Atlético de Madrid ainda na primeira fase também não passou em branco na imprensa local. O time do técnico Diego Simeone sofreu muitas críticas pelas atuações na Copa do Mundo, desde a humilhante goleada de 4 a 0 para o Paris Saint-Germain, na estreia, até a inútil vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo, resultado muito aquém dos 3 a 0 necessários para evitar a eliminação no Grupo B.