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‘Bicho’, reforços e caixa: o que o Palmeiras fará com premiação milionária
A ideia é usar parte desse valor para voltar a investir no elenco, que perderá peças importantes após o Mundial
BATANEWS/FUTEBOL INTERIOR
Clube brasileiro que recebeu a maior premiação durante o Mundial de Clubes por ter chegado às quartas de final, junto com o Fluminense, o Palmeiras já sabe o que fará com o prêmio milionário. São três as prioridades para a diretoria: reforçar o elenco, pagar um “bicho' gordo aos elenco e usar o restante para melhorar o fluxo de caixa.
Considerando a premiação por participação no torneio, de US$ 15,1 milhões (R$ 82 milhões), mais o dinheiro referente ao desempenho na competição, o Palmeiras já garantiu US$ 39,84 milhões (R$ 217 milhões). Só o Fluminense ganhou tanto como o time paulista, visto que Flamengo e Botafogo pararam nas oitavas de final. Se avançar às semifinais, o time alviverde assegura mais US$ 21 milhões (R$ 114 milhões).
Mas nem o Palmeiras nem clube algum receberá esses valores da Fifa de forma integral. Haverá uma dedução alta referente a impostos cobrados pelo governo dos Estados Unidos, visto que a Fifa não conseguiu firmar acordos com os governos dos estados americanos que são sedes das partidas para garantir isenções ou redução de impostos, diferentemente do que geralmente ocorre em edições da Copa do Mundo de seleções, durante as quais são aplicadas renúncias fiscais.
Os impostos são federais e estaduais e a operação é complexa. Tanto clubes quanto a Fifa não sabem exatamente o valor líquido da premiação porque dependem das leis tributárias dos Estados Unidos. Ainda estão havendo discussões tributárias. Certo é que os times recebem o montante e pagam o imposto correspondente posteriormente.
Por enquanto, a Fifa fez o depósito ao Palmeiras e aos outros três times brasileiros de cerca de R$ 66 milhões referentes à cota de participação no evento. O valor bruto é de US$ 15,1 milhões (o que dá mais de R$ 80 milhões) e todos tiveram acesso ao pagamento no Brasil para evitar uma tributação ainda maior.
As deduções fiscais nos EUA reduzem a expectativas financeiras dos clubes, mas também servem como um lembrete das complexidades regulatórias de competições realizadas no país. Todos os clubes buscaram apoio jurídico e profissionais especializados na legislação tributária americana para minimizar o impacto fiscal na premiação.
A ideia é usar parte desse valor para voltar a investir no elenco, que perderá peças importantes após o Mundial, seja temporiamente ou de forma definitiva. Estêvão, vendido ao Chelsea, e Paulinho, que terá de passar por nova cirurgia na perna direita, são baixas certas. Richard Ríos desperta interesse de clubes europeus e pode representar mais uma venda vultosa.
O paraguaio Ramon Sosa, de 25 anos, é quem está mais perto de reforçar o elenco. A diretoria está disposta a pagar 11 milhões de euros (R$ 71 milhões) pelo atacante do Nottingham Forest, da Inglaterra. Caso Ríos saia, é provável que o clube vá ao mercado em busca de um meio-campista.
Prática comum no futebol, o “bicho', isto é, um bônus dado a jogadores e estafe, também será pago. Essa premiação em dinheiro geralmente é concedida após a conquista de um título. Nesse caso, a diretoria considerou justo dar esse bônus por causa da meta alcançada e do alto valor. Funcionários também ganham parte do prêmio, mas uma porcentagem bem menor.
Apesar de ser saudável financeiramente, um dos mais ricos do País e ter arrecadado mais de R$ 1,2 bilhão em 2024, o Palmeiras, como a maioria das equipes brasileiras, tem problemas de fluxo de caixa, já que as despesas com atletas são altas e tem de honrar alguns compromissos de anos passados.
Renovar com jogadores importantes, aumentar salários, pagar luvas e comissão a empresários custa caro e pesa no caixa, daí ser difícil não ter problemas com o fluxo de caixa.
A Fifa está destinando ao todo US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) em premiações aos clubes que disputam o Mundial de Clubes. O montante é repartido entre cotas fixas de participação e bônus conforme o desempenho em campo. Cada vitória nos três jogos da fase de grupos garantiu US$ 2 milhões (R$ 11 milhões), enquanto empates renderam US$ 1 milhão (R$ 5,5 milhões).
No Brasil, se um dos seus representantes conquistar o título mundial, pode acumular mais de R$ 560 milhões em valores brutos, cerca de R$ 400 milhões líquidos. O Flamengo, clube de maior receita do país, faturou R$ 1,3 bilhão em 2024. Ou seja, um mês de competição no Mundial, com sete jogos, pode render o equivalente a 30% de toda a arrecadação anual de um gigante do futebol brasileiro.