Justiça
Enjauladas e roxas: ato alerta para as marcas da violência sexual na infância
Manifestação foi organizada pelos Conselhos Tutelares de Campo Grande, em alusão ao Maio Laranja
BATANEWS/CGNEWS
Os Conselhos Tutelares de Campo Grande realizaram um ato simbólico no canteiro central da Avenida Afonso Pena, em alusão ao Maio Laranja, campanha que visa conscientizar sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes. A encenação representou as marcas das violações, com participantes 'enjaulados em suas dores'. Dados da Polícia Civil revelam que mais de 1 mil crianças foram estupradas em Mato Grosso do Sul em 2024, com 336 casos em Campo Grande. A mobilização, que contou com a presença de conselheiros tutelares e representantes de órgãos públicos, destaca a importância da denúncia e é parte de uma campanha nacional coordenada por diversas instituições.
Para representar as marcas deixadas pelas violações, a encenação mostrou pessoas “enjauladas em suas dores' e com hematomas aparentes. Além dos conselheiros tutelares, participaram da ação agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e representantes de outras secretarias municipais.
Conforme dados da plataforma Estatística Sigo, que reúne registros da Polícia Civil, mais de 1 mil crianças foram estupradas em Mato Grosso do Sul ao longo de 2024, sendo 336 em Campo Grande. Neste ano, até o momento, já são 331 casos no Estado, com 104 ocorrências na Capital.
“O mês de maio é voltado à campanha Maio Laranja, quando realizamos ações e palestras para conscientizar a população sobre a importância da denúncia. Hoje escolhemos como o ‘Dia D’ da mobilização, porque amanhã é o Dia Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes', explica Anna Caroline Kalache, conselheira tutelar da Região Bandeira.
A psicoterapeuta holística Linda Lima, de 69 anos, acompanhou a mobilização e se emocionou com a apresentação. “Estamos vivendo papéis reais na vida real, só que não estamos falando, porque não temos com quem falar. Acho essa ação importante, mas ainda faltam outras iniciativas', comentou.
A campanha é coordenada pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e envolve organizações da sociedade civil, órgãos públicos e instituições de ensino. Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, serviço gratuito e sigiloso que funciona 24 horas por dia.
Transição da violência – O Atlas da Violência aponta que o tipo de agressão muda conforme a faixa etária das vítimas. Bebês e crianças pequenas são, principalmente, vítimas de negligência (61,4%). Crianças em idade escolar lideram os registros de violência psicológica (54,8%) e sexual (65,2%), enquanto adolescentes são os mais atingidos pela violência física (58,2%).
A análise por sexo também mostra desigualdades: meninas e mulheres representam 65,1% das vítimas totais, com destaque nos casos de violência física (60,1%), psicológica (72,1%) e sexual (86,3%). Já os meninos concentram a maioria dos casos de negligência, com 52,3% das ocorrências. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.