Pedido de Trump para China quadruplicar compra de soja dos EUA acende alerta no Brasil

Embora analistas considerem improvável atingir o volume sugerido, qualquer aumento significativo nas vendas americanas ao país asiático pode reduzir o marketshare brasileiro e pressionar preços internos.Compartilhe: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela) Telegram

BATANEWS/O PRESENTE RURAL


Fotos: Claudio Neves

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu publicamente no último domingo (10) que a China quadruplicasse suas importações de soja norte-americana. O anúncio impulsionou o mercado: na manhã de segunda-feira (11), o contrato spot na Bolsa de Chicago subia mais de 2%. Atualmente, a China é a maior consumidora mundial de soja, tendo importado 105,0 mi de t em 2024 sendo 22,1 milhões de toneladas originárias dos EUA, cerca de 21%.

Na prática, a Datagro considera improvável que as vendas americanas ao país asiático alcancem o volume sugerido por Trump. Para chegar a 88 mi de t (volume que equivale a 75% da produção projetada para 2025/26 pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA)) seria necessário superar em 69% as exportações totais dos EUA em 2024 e em 39% o seu recorde histórico de exportações em 2020. Um aumento dessa magnitude comprometeria quase que completamente as vendas dos EUA a outros destinos e afetaria a própria indústria norte-americana, que espera esmagar 69 milhões de toneladas de soja no próximo ciclo.

No entanto, enquanto aumentar em 4x o volume total de vendas de soja dos EUA para a China seja pouco provável, qualquer elevação expressiva de vendas dos EUA pode representar potencial perda de marketshare brasileiro, em especial considerando-se a alta representatividade brasileira nesse mercado (acima de 70% em 2023 e 2024).

Assim, uma eventual perda de participação no mercado chinês poderia representar pressão sobre os preços domésticos e os prêmios, dado que não existem outros países com o mesmo potencial de consumo de soja que a China. Mercados alternativos, como Espanha, Tailândia e Turquia, têm porte muito menor e efeito limitado sobre as cotações. Por isso, o tamanho real de um eventual acordo de compras com os EUA será determinante para medir os riscos e as alternativas de escoamento da soja brasileira.