O que dizem presidenciáveis de 2026 sobre a prisão domiciliar de Bolsonaro

Governadores estão de olho no espólio do ex-presidente, inelegível por condenações no TSE

BATANEWS/CARTACAPITAL


O ex-presidente Jair Bolsonaro, em 17 de julho de 2025. Foto: Mateus Bonomi/AFP

Potenciais candidatos à Presidência da República em 2026 se manifestaram, nesta segunda-feira 4, sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais, Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Junior (Paraná) esperam contar com o apoio de Bolsonaro em 2026. Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) tenta se cacifar sem aderir ao bolsonarismo.

Representantes da direita estão de olho no espólio político de Bolsonaro, inelegível devido a duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral.

Provável postulante à reeleição, o presidente Lula (PT) não havia se manifestado sobre a prisão domiciliar de Bolsonaro até a publicação deste texto.

Veja o que disseram presidenciáveis, todos críticos à decisão de Moraes:

Tarcísio de Freitas: “A prisão de Jair Bolsonaro é um absurdo. A verdade é que Bolsonaro foi julgado e condenado muito antes de tudo isso começar. Uma tentativa de golpe que não aconteceu, um crime que não existiu e acusações que ninguém consegue provar. Vale a pena acabar com a democracia sob o pretexto de salvá-la? Será que não está claro que estamos avançando em cima de garantias individuais? Já passou da hora das instituições tomarem iniciativas para desescalar a crise, acabarem com uma disputa que resulta em soma zero, que mostra incapacidade de resolver e mediar conflitos, que não gera outro efeito senão a perda de confiança'.

Romeu Zema: “Mais um capítulo sombrio na história de perseguição política do STF. Alexandre de Moraes agora colocou Bolsonaro em prisão domiciliar por ter sua voz ouvida nas redes. É a democracia do silêncio. A democracia do medo. Toda minha solidariedade ao presidente e sua família'.

Ronaldo Caiado: “A decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro confirma o que disse anteriormente: infelizmente, antes da conclusão de seu julgamento, o ex-presidente já está condenado. Se um cidadão não pode se manifestar publicamente em sua defesa, é porque o veredito está dado. Isso é grave, ainda mais se observarmos um processo que começou errado, quando o STF definiu pelo julgamento do ex-presidente em uma Câmara e não pelo Pleno da Suprema Corte. Essa escalada política aprofunda as divisões que ferem o País e deixam o povo brasileiro em segundo plano'.

Ratinho Junior: “O povo brasileiro acorda diariamente buscando prosperidade. E tem visto, infelizmente, cenas tristes, até mesmo com prisão domiciliar. Não será com ativismo, seja de qualquer parte, que iremos construir um novo País. Devemos buscar o equilíbro, o fortalecimento das nossas instituições e, sobretudo, a harmonia dos Poderes, respeitando o que está previsto na Constituição.Briga não coloca mais comida na mesa do trabalhador. O Brasil precisa de união para seguir em paz. Ao ex-presidente Bolsonaro, a minha solidariedade'.

Eduardo Leite: “Como brasileiro, recebo com desânimo este episódio envolvendo a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Não gosto da ideia de um ex-presidente não poder se manifestar, e gosto menos ainda de vê-lo ser preso por isso, antes ainda de ser julgado pelo órgão colegiado da Suprema Corte. Não discuto a legalidade ou a razão jurídica.

Percebam que, de cinco presidentes eleitos após a redemocratização, apenas um, Fernando Henrique, não foi preso ou sofreu impeachment. Nosso país não merece seguir refém desse cabo de guerra jurídico-político que só atrasa a vida de todos há anos. Até quando vamos ficar dobrando a aposta pra ver o que acontece? Até quando nossa energia será consumida na busca de exterminar adversários mais do que em erradicar os graves problemas do país? Como nação, é hora de refletir sobre os graves danos da polarização e buscar novos caminhos. Não é mais sobre qual lado tem razão, é sobre manter a serenidade e a esperança no Brasil que sonhamos e queremos ter'.