Com a prisão do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o Brasil acaba de se transformar em uma “panela de pressão”. A decisão de Moraes, segundo o analista político Onofre Ribeiro, é uma forma de vingança do ministro pelas manifestações promovidas por apoiadores da direita, no domingo (3), em todo o Brasil.

“Essa atitude dele agora, depois das manifestações que foram tipicamente avalizadas pelo Bolsonaro, fez com que ele se vingasse porque ele podia determinar essa prisão domiciliar amanhã ou depois, mas ele antecipou por vingança e proteção porque o presidente do Senado e da Câmara estão muito pressionados para votar os 129 projetos de impeachment contra o Alexandre de Moraes”, avaliou Onofre em entrevista ao .

As manifestações do domingo, que reuniram milhares de pessoas pelo país, tinham como foco o pedido de anistia aos presos dos atos de 8 de janeiro e, especialmente, a retirada de Moraes do STF.

“Eu considero essa questão da prisão domiciliar como vingança, medo e disfuncionalidade do país. O Brasil não tem mais nenhuma funcionalidade entre os poderes, cada um funciona como quer”, reforçou o analista.

Mesmo que a decisão de Moraes pareça bem calculada para enfraquecer os partidos de direita que apoaim o Bolsonaro, para Onofre, ele não mensurou os efeitos contrários disso, já que o ministrro teria esgotado o estoque de açãoes com as quais poder punir o ex-presidente. E pior que isso, tal decisão deve acabar pressionar ainda mais o Congresso Nacional para que seja votado o impeachment do ministro.

“A confusão no país aumentou ainda mais porque o Alexandre de Moraes perdeu e vai perder muito poder daqui pra frente. Nós vamos ver ele perdendo poder e até com a possibilidade de pedir cidadania em outro país, o Congresso vai ter que botar o impeachment pra votar e o STF vai se vingar do Congresso”, analisou.

Onofre também acredita que esse acontecimento não mudará o posicionamento do presidente do Estados Unidos, Donald Trump, em relação às imposições feitas ao Brasil, como o tarifaço e a aplicação da Lei Magnitsky a Alexandre de Moraes. O que pode acontecer, segundo o analista, é que a prisão de Bolsonaro agrave a crise interna no Brasil.

“Eu acho que as manifestações, daqui para frente, serão cada vez mais frequentes, como foram contra a Dilma. Eram manifestações todos os domingos até o Congresso aprovar o impeachment. Vai acontecer a mesma coisa: o povo na rua permanentemente e o STF, por sobrevivência, vai lavar as mãos com o Alexandre de Moraes porque ali dentro todo mundo tem pecados tão grandes quanto”, finalizou.

Além da prisão domiciliar, a decisão do ministro também inclui a proibição de visitas, salvo por familiares próximos e advogados, o recolhimento de todos os celulares disponíveis no local e o uso de tornozeleira eletrônica, que já vinha sendo cumprido por Bolsonaro.