O Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de Mato Grosso do Sul (Sinduscon/MS), em parceria com Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), SENAI, Secretaria Executiva da Mulher (Semu) e o Sintracom/CG, realizou no último sábado (02/08), no auditório da Faculdade Senai de Construção a aula inaugural do projeto “Elas Constroem”, a primeira turma do programa no Brasil voltada exclusivamente para a qualificação de mulheres na construção civil. A iniciativa, que integra o programa “Construindo Talentos” do Sinduscon/MS, que visa capacitar mão de obra para o setor.

Segundo Kely de Paula, superintendente do Sinduscon/MS, o “Construindo Talentos” é um projeto da nova diretoria do Sinduscon/MS que visa capacitar mão de obra e ampliar o número de profissionais no setor da construção. “Queremos mostrar que este é um segmento no qual é possível construir uma carreira, e não apenas um ‘bico’. O Elas Constroem surge para ampliar esse propósito: não apenas qualificar, mas qualificar e incluir, promovendo um verdadeiro processo de inclusão. Além disso, buscamos aumentar a inserção de mulheres em um segmento que ainda é predominantemente masculino — hoje, cerca de 90% dos trabalhadores são homens e apenas 10% mulheres. Temos um público feminino interessado em se capacitar, então por que não oferecer essa oportunidade e trazê-las para o mercado de trabalho? Para o Sinduscon, isso é fundamental e faz parte do nosso ideal de promover inclusão.”

Para Plínio Gratão, gerente de Gestão e Negócios do SENAI, sem as parcerias não seria possível o programa. “A parceria é fundamental para criar sinergia entre o SENAI e o setor da construção civil, levando todo o nosso portfólio de cursos e capacitações para dentro do canteiro de obras dos associados. Sempre digo que o lugar da mulher é onde ela quiser. Nosso papel, como SENAI e como Federação das Indústrias, é, com o apoio dos parceiros, tornar esse ambiente cada vez mais seguro e proporcionar a capacitação necessária para que elas construam uma carreira sólida dentro da construção civil.”

“A construção civil enfrenta um grande desafio, que é atrair mais pessoas para o nosso mercado de trabalho. Queremos divulgar o setor como uma oportunidade, e o Elas Constroem vem justamente para diversificar e ampliar essa base, fortalecendo o futuro da construção”, afirmou Valéria Gabas, diretora da Unidade de Negócios da Plaenge em Campo Grande e uma das líderes do programa.

De acordo com Michelle Ferreira, secretária-adjunta da Secretaria Executiva da Mulher, essa parceria é algo muito inovador e inédito. “Nunca tivemos uma ação voltada a oportunizar a inserção de mulheres na área da construção civil, apesar de já recebermos essa demanda na secretaria. Quando nos propuseram a iniciativa, não tivemos dúvidas em aceitar. Estamos à disposição para atuar na mobilização, orientação e no suporte a tudo que se relaciona ao projeto. O Elas Constroem marca este segundo semestre ao mostrar que há espaço para mulheres em um setor onde a presença feminina ainda é pequena. A iniciativa amplia o entendimento e o acesso a oportunidades, inclusive alinhadas a grandes perspectivas econômicas, como a Rota Bioceânica, agregando valor e potencial ao trabalho dessas profissionais.”

Durante a aula inaugural, foi apresentado como os cursos irão funcionar. Com turmas formadas por 15 a 25 alunas, o projeto oferece três qualificações nesta primeira etapa: Pintor(a) de Obras Imobiliárias (160h), Assentador(a) de Revestimento Cerâmico (160h) e Operador(a) de BobCat + NR18 (40h). As aulas combinam conteúdo teórico online com prática na Escola da Construção do SENAI, utilizando a metodologia “Aprendendo a Construir”.

O diferencial do projeto é oferecer uma rede de apoio completa, garantindo que as alunas tenham condições reais de participar das capacitações. Entre as ações previstas estão acolhimento para os filhos durante o período das aulas, apoio psicológico, atendimento à saúde e bem-estar (incluindo atividades de autoestima e beleza), além de alimentação.

Alunas entusiasmadas com o programa

Ana Angélica Alves Fagundes é assistente de educação infantil, mas seu marido trabalha na construção e quer mudar de área. “Vi no Elas Constroem uma oportunidade de aprender algo novo e me desafiar. Escolhi o curso de Bobcat porque achei muito interessante e fui pesquisar mais a fundo. Sou curiosa, gosto de aprender e acredito que quanto mais conhecimento a gente adquire, melhor, especialmente para nós, mulheres. É um mercado de trabalho onde quase não há presença feminina, e isso me motivou ainda mais. Atualmente trabalho como assistente de educação infantil, mas pretendo concluir o curso e me inserir no mercado de trabalho na construção civil. Meu marido é construtor e sei que essa é uma área muito abrangente, mas que muitas vezes não conta com mulheres por dificuldades como ter filhos ou por preconceito. Por isso, acho tão importante ver mais mulheres ocupando esse espaço”, contou.

Já Keila Mara da Silva Sousa está pensando em seu futuro profissional. “Sou uma pessoa que gosta muito de adquirir conhecimento e, quando vi o curso de Bobcat, me interessei bastante. Tenho vontade de entrar no mercado de trabalho e oferecer uma estrutura melhor para meus filhos. Já fiz outros cursos na área da construção, mas utilizo mais para uso próprio em casa. Acredito que um curso direcionado para mulheres é um verdadeiro divisor de águas. O mercado de trabalho está cada vez mais exigente e as mulheres precisam estar preparadas, não apenas colocadas de forma improvisada. É essa preparação que nos permite fazer a diferença. Minhas expectativas são muito grandes e, mesmo que agora, com filhos pequenos, eu não possa atuar de imediato na área, pretendo no futuro próximo me envolver e seguir essa profissão.”

Encerrando o ciclo formativo, o Sinduscon/MS promoverá um evento de empregabilidade, conectando as participantes às empresas associadas e criando oportunidades reais de contratação. Dessa forma, o “Elas Constroem” vai além da qualificação técnica, promovendo inclusão e inserção efetiva das mulheres no mercado de trabalho da construção civil.