Política
MPF defende professora de linguagem neutra e Abilio rebate: 'Todos sao iguais perante a Lei'
Maria Inês da Silva Barbosa usou a palavra 'todes' na 15ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá.
BATANEWS/REPóRTERMT
O Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF-MT) emitiu uma nota pública repudiando a retirada da professora Maria Inês da Silva Barbosa da 15ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá, determinada pelo prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), após ela ter usado a palavra 'todes', em linguagem neutra, para cumprimentar os presentes no evento. O episódio aconteceu na última quarta-feira (30).
Em resposta, Abílio divulgou uma carta rebatendo a nota do MPF, defendendo que sua decisão de repreender a professora foi baseada na Constituição Federal, que diz, em seu artigo 5º, que todos são iguais perante a lei. O prefeito defendeu também a norma culta da língua portuguesa, que reconhece a palavra “todos” como universal e igualitária.
“Compreendo o posicionamento político do MPF, contudo é importante ressaltar algumas coisas. TODOS é a palavra reconhecida pela língua portuguesa como universal e igualitária. ‘Todes’, além de não existir em nenhum dicionário oficial da língua portuguesa, não ser reconhecida oficialmente pela nossa língua oficial, é excludente às pessoas com deficiência, em especial as pessoas surdas e os que possuem dislexia”, argumentou o prefeito.
“‘Todes’ não existe. ‘Todos’ é a palavra certa, de acesso universal e igualitário diante da Constituição Federal, que, em seu artigo 5º, tem como princípio geral: TODOS são iguais perante a lei”, completou.
Abílio ainda destacou que a própria professora, em entrevista posterior ao episódio, classificou sua manifestação como “ato político e de militância”, o que, segundo ele, é incompatível com o objetivo técnico da conferência pública sobre saúde.
“Não é razoável que uma entidade séria como o Ministério Público Federal, com brilhantes promotores, defenda, sem plausível justificativa, a distorção da língua portuguesa, a militância política na discussão da saúde pública e a exclusão das pessoas com dislexia na universalidade do acesso à saúde”, afirmou.
Na nota, o MPF/MT disse que a retirada da professora do evento, determinada por Abílio, representa um “ataque à democracia” e que a palavra 'todes' usada por Maria Inês tem fundamento constitucional no princípio de acesso universal e igualitário à saúde pública.
“A conduta do chefe do Executivo municipal de Cuiabá, ao calar uma mulher negra, pesquisadora e ativista, em um espaço de construção coletiva, é um ataque à democracia e aos princípios que regem a sociedade brasileira”, diz trecho da nota do MPF.