Considerado um dos tipos mais letais de câncer, o câncer de pulmão segue como um grande desafio para a saúde pública global. De acordo com dados da International Agency for Research on Cancer (IARC), em 2022 a doença foi responsável por cerca de 2,48 milhões de novos casos e 1,82 milhão de mortes, permanecendo como a principal causa de óbito por câncer no planeta.

No Brasil, o cenário também exige atenção. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 30 mil novos casos da doença por ano. Entre os homens, o câncer de pulmão é o que mais mata, e entre as mulheres também está entre os mais fatais.

“A grande dificuldade está no diagnóstico precoce. Como é uma doença silenciosa em seus estágios iniciais, muitos pacientes descobrem o câncer já em fases avançadas ou com metástases, o que reduz significativamente as chances de cura”, explica o cirurgião oncológico Dr. José Henrique Agner Ribeiro, do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP).

Tabagismo ainda é o principal vilão

O tabagismo segue como o maior fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão, sendo responsável por cerca de 85% dos casos. Fumar cigarros, charutos, cachimbos e até a exposição passiva à fumaça do cigarro elevam drasticamente o risco da doença.

Dr. José Henrique alerta também para o crescimento do uso de cigarros eletrônicos (vapes) e narguilés, especialmente entre os jovens. Embora comercializados como menos nocivos, esses dispositivos contêm nicotina, metais pesados e compostos cancerígenos.

“A falsa sensação de segurança e o apelo visual desses produtos escondem riscos reais. A exposição precoce à nicotina aumenta a dependência e pode causar danos irreversíveis ao sistema respiratório”, destaca o especialista.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que uma sessão de narguilé de 1 hora pode equivaler à inalação de nicotina de cerca de 100 cigarros.

Além do tabaco, fatores como poluição do ar, exposição a substâncias como amianto, arsênio e radônio, além de doenças respiratórias crônicas e histórico familiar, também aumentam o risco.

Prevenção e rastreamento: as melhores armas

Apesar de agressivo, o câncer de pulmão é altamente prevenível. Abandonar o tabagismo é a medida mais eficaz, trazendo benefícios à saúde logo nos primeiros dias após parar de fumar. Campanhas de conscientização, ambientes livres de fumo e ações governamentais são fundamentais no combate à doença.

Para pessoas com alto risco, como fumantes e ex-fumantes acima dos 50 anos, exames como a tomografia de baixa dose têm sido eficazes para detecção precoce, aumentando as chances de cura.

“O rastreamento pode salvar vidas. A identificação precoce aumenta muito as chances de sucesso no tratamento. Por isso, manter acompanhamento médico é essencial”, orienta Dr. José Henrique.

Agosto Branco: mês de conscientização

A campanha Agosto Branco tem como objetivo conscientizar sobre os riscos do câncer de pulmão, promover o diagnóstico precoce e incentivar hábitos saudáveis.

“Na medicina, temos como missão oferecer cuidado de excelência. E isso começa com prevenção e diagnóstico precoce”, conclui o médico do IOP.

Fique atento:

• Se você fuma ou já fumou, procure seu médico e converse sobre exames preventivos.
• Evite ambientes com fumaça de cigarro e poluição excessiva.
• Cuide da sua saúde respiratória e adote hábitos saudáveis.