Bastidores: veja como Lucas Paquetá viveu a tensão do processo e o alívio da absolvição

Jogador se apegou à religião e confiou em escritório de advocacia britânico durante os dias de maior ansiedade. Processo de defesa custou mais de R$ 5 milhões

BATANEWS/GE


Foto: Divulgação

Apego à fé, confiança em escritório de advocacia britânico e imersão no dia a dia da família. Foi dessa maneira que Lucas Paquetá tratou de controlar a ansiedade na reta final do processo que decretou sua inocência da acusação de envolvimento com apostas esportivas. Todo o procedimento de defesa gerou custo de mais de R$ 5 milhões.

A imagem do choro em campo ao receber cartão amarelo no jogo contra o Tottenham, no dia 4 de maio deste ano, pela Premier League, simbolizou as intensas emoções vividas pelo jogador desde agosto de 2023, quando a acusação veio a público. Daquela data até o veredito de inocente em 31 de julho de 2025, Paquetá passou por uma montanha-russa psicológica diante das idas e vindas do processo.

Neste período, o meia perdeu a transação dos sonhos para o Manchester City, ficou fora da Seleção com Fernando Diniz, voltou com Dorival Júnior e não apareceu na primeira lista de Carlo Ancelotti. Roteiro sempre acompanhando da indefinição e da mudança de prazos impostos pela Federação Inglesa durante a investigação e pela comissão independente ao longo do julgamento.

Ali, quando chorou em campo, Paquetá vivia muito mais a ansiedade do que o medo, uma vez que o julgamento já estava encerrado. Mas o anúncio da sentença ainda demorou mais três meses. Durante todo este período, o jogador não procurou ajuda psicológica e decidiu mergulhar na religião como refúgio.

Não foram poucas as postagens acompanhado da esposa com trechos bíblicos e proféticos, como também ocorreu após a absolvição. Foi a maneira que Lucas encontrou para reagir aos memes e às ofensas que inundaram as redes sociais, sempre relacionando o jogador a apostas.

O brasileiro tentou ficar alheio ao que acontecia no tribunal e deixou a defesa toda a cargo do escritório britânico Level, responsável pela defesa. Veio dos advogados no início de maio - época do choro em campo - a sinalização otimista pelo veredito da absolvição.

Uma vez que a Federação Inglesa pediu o banimento de Paquetá, o julgamento seguiu por caminhos extremos que indicariam ou o fim da carreira ou a liberdade. Diante da falta de provas irrefutáveis, a confiança nesses últimos três meses já era pelo veredito favorável.

A estratégia de aposta na defesa inglesa deu certo, mas foi custosa. Estima-se que Lucas Paquetá tenha gastado 700 mil libras (R$ 5.2 milhões) nesses dois anos, com o West Ham solidário em parte deste montante.

Diante da absolvição, a tendência é de que os advogados peçam restituição de parte deste valor com a Federação Inglesa, uma vez que um processo contra o órgão é improvável. Todo jogador estrangeiro da Premier League assina um termo de anuência aos movimentos jurídicos e legais do país, o que inviabiliza uma ação por calúnia, difamação e danos morais.

Em pré-temporada nos Estados Unidos, Paquetá recebeu a notícia da boca de dirigentes do West Ham na quinta-feira, em Chicago, e não escondeu a emoção. O jogador deixou as medidas legais nas mãos dos advogados e revelou a pessoas próximas preocupar-se apenas em “recuperar o tempo perdido'.

Ainda em pré-temporada, a expectativa é de que Paquetá tenha um mercado aquecido até o fechamento da janela europeia, dia 1º de setembro. O West Ham já estipulou preço para uma negociação: de 50 a 60 milhões de libras entre valor fixo e bônus, e a expectativa é de que o Manchester City volte a se posicionar como interessado.

A um ano da Copa do Mundo, Lucas Paquetá voltou aos holofotes como jogador livre e tem grandes chances de estar na lista de Carlo Ancelotti para enfrentar o Chile, no Maracanã, e a Bolívia, em La Paz, em setembro.

Palcos sugestivos para quem disse após a absolvição só querer jogar futebol com um sorriso no rosto.