Entenda como reforço vetado mudou rota do Flamengo no mercado e atenuou pressão sobre Boto

Diretor de futebol havia perdido prestígio após "caso Mikey Johnston"; janela atual já empolga a torcida, e clube extrapola orçamento com reforços "nível Europa"

BATANEWS/GE


O Flamengo vem agitando o mercado de transferências nos últimos dias após decidir fazer uma mudança de rumo. O clube já investiu mais de R$ 300 milhões em reforços da elite europeia após ter um reforço da prateleira inferior do Velho Continente vetado. O movimentou atenuou a pressão sobre o diretor de futebol José Boto, que recuperou prestígio com dirigentes e torcedores.

A primeira contratação rubro-negra na janela do segundo semestre seria o atacante Mikey Johnston, do West Bronwich. Assim como Juninho no início do ano, ele teria um custo mais baixo, de 5 milhões de libras (quase R$ 37 milhões), e já tinha viagem marcada para o Rio de Janeiro. Mas a repercussão negativa em cima de um desconhecido irlandês que joga na Segunda Divisão da Inglaterra fez o clube cancelar o negócio e recalcular a rota.

O presidente Bap vetou a contratação de última hora, o que irritou o diretor executivo de futebol José Boto e o fez cogitar até entregar o cargo. Houve também pressão nos corredores da Gávea para a demissão do dirigente português, mas as partes conversaram e acertaram os ponteiros. "Tudo sob controle, nada vai mudar", disse Bap ao ge no dia 8 de julho. Coincidência ou não, de lá para cá o Flamengo passou a abrir mais os cofres e mirar jogadores mais renomados.

A dificuldade financeira que o Flamengo viveu no início do ano já é página virada. Só com as vendas de Gerson, à vista para o Zenit (Rússia), e Wesley, para a Roma (Itália), junto com a premiação pela participação na Copa do Mundo de Clubes, o Rubro-Negro se aproximou de meio bilhão de reais. Apesar dos cofres cheios, o discurso inicial nos bastidores era que "não é porque tem dinheiro que precisa gastar".

Mas o Flamengo tirou o escorpião do bolso para reforçar um elenco que vem sofrendo baixas (só no último jogo, contra o Bragantino, eram oito desfalques), para não perder fôlego nas disputas dos títulos do segundo semestre. Um exemplo disso é que o clube não enxergava a necessidade de contratar um substituto para Gerson, por entender que ele vinha jogando mais avançado pela direita, função que já seria feita por Luiz Araújo. Mas foi buscar o espanhol Saúl, que tem estilo parecido com o do Coringa.

Fla quase dobra previsão orçamentária

Até hoje, o Flamengo ainda não publicou no portal de transparência de seu site oficial o orçamento de 2025, que foi refeito pela nova diretoria após vencer a eleição. Em abril, o ge teve acesso aos números e revelou que o clube aprovou o valor de 25 milhões de euros (R$ 162,5 milhões) para investir em compras de direitos econômicos de reforços na temporada.

Este valor já foi extrapolado, e o clube quase dobrou o investimento no somatório das janelas até aqui. Somando Juninho, Emerson Royal, Samuel Lino e Carrascal, que já está acertado, mas aguarda a liberação do Dínamo de Moscou (Rússia), o Flamengo já gastou cerca de R$ 314 milhões . Não entram na conta os jogadores contratados sem custos de transferências, porque as luvas são diluídas nos salários, casos de Danilo, Alex Sandro, Jorginho e Saúl.

Juninho: R$ 34,2 miEmerson Royal: R$ 58,5 miSamuel Lino: R$ 143 miCarrascal: R$ 78 mi

O Flamengo terá que pedir uma suplementação no orçamento e aprovar no Conselho Deliberativo para justificar o maior gasto, mas isto não deve ser problema, porque o clube também superou a previsão orçamentária em vendas. A meta era 35 milhões de euros (R$ 227,5 milhões), porém o Rubro-Negro já garantiu 65 milhões de euros (R$ 422,5 milhões) com as saídas de Alcaraz, Gerson e Wesley, sem contar os bônus.

A última contratação foi a do atacante Samuel Lino. O Flamengo vai pagar ao Atlético de Madrid 22 milhões de euros (R$ 143 milhões) mais bônus por metas. A tendência é que a diretoria diminua a atuação no mercado após esta contratação, mas segue atenta às oportunidades.

As posições reforçadas até o momento foram a lateral direita, o meio-campo e a ponta esquerda. Mas o diretor de futebol José Boto também fez contatos por centroavantes nesta janela. Um dos alvos foi Taty Castellanos, da Lazio, mas o clube italiano não quis vender o jogador. Lucas Beltrán, da Fiorentina, também despertou interesse, mas o Flamengo não avançou na negociação.