Economia
Arauco obtém licença para 3,8 milhões de toneladas de celulose por ano
Volume é 8,5% maior que o previsto e por conta de novos investimentos a empresa terá de destinar mais R$ 21,9 milhões a áreas de preservação ambiental
BATANEWS / CORREIO DO ESTADO NERI KASPARY
Prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2027, a chilena Arauco terá de destinar mais 21,92 milhões a reservas ambientais em Mato Grosso do Sul por conta da ampliação do seu projeto original, que inicialmente previa a produção de 2,5 milhões, para até 3,8 milhões de toneladas por ano.
Conforme publicação do diário oficial desta sexta-feira, a licença para ampliação do projeto prevê investimento de mais R$ 2,511 bilhões. E, por exigência da legislação estadual, o equivalente a 0,873% deste montante precisa ser destinado a Unidades de Conservação, perfazendo exatos de R$ 21.921.155,67
O anúncio oficial da ampliação do Projeto Sucuriú, em Inocência, foi feito em setembro do ano passado, quando o conselho administrativo divulgou que o investimento passaria de US$ 3 bilhões para US$ 4,6 bilhões em uma fábrica de linha única, transformando-se na maior fábrica de celulose do mundo.
Na época, a informação oficial era de que a capacidade de produção passaria de 2,5 para 3,5 milhões de toneladas por ano. Mas, na publicação do diário oficial desta sexta-feira (25) este volume aumentou em 8,5%, passando para até 3,8 milhões de toneladas anuais.
Em maio de 2024 a empresa já havia assumido compromisso de destinar R$ 92,493 milhões para a área ambiental em decorrência da licença para investir R$ 10,594 bilhões. Aquela licença permitia a produção de 2,578 milhões de toneladas por ano.
Conforme a previsão, a fábrica, que em abril deste ano teve o lançamento oficial da pedra fundamental, deve entrar em operação no segundo semestre de 2027.
Além de produzir celulose, a unidade da Arauco vai gerar mais de 400 megawatts (MW) de energia, dos quais 200 MW serão destinados a consumo interno. O restante será comercializado e será suficiente para abastecer uma cidade com mais de 800 mil habitantes.
Para vender esta energia, a empresa está investindo R$ 156 milhões na construção de uma linha de transmissão. Por conta deste investimento, a Arauco terá de destinar mais R$ 1,076 milhão a alguma unidade de conservação permanente, conforme acordo firmado com o Imasul publicado no diário oficial desta sexta-feira. Neste acaso, o percentual de investimento é de 0,69% sobre o valor do investimento.
Esta linha de transmissão terá 90 quilômetros, ligando Inocência a Selvíria. Serão 182 torres de 24 metros de altura, uma a cada 500 metros, e a linha vai passar por 35 propriedades rurais.
A FÁBRICA
A fábrica está sendo instalada a 50 quilômetros da área urbana de Inocência, às margens da MS-377 e do Rio Sucuriú. No pico das obras, até 14 mil pessoas devem atuar no canteiro de obras. Depois da ativação, segundo a empresa, serão gerados em torno de 6 mil empregos diretos e indiretos.
Para que opere a pleno vapor, serão necessários em torno de 400 mil hectares de plantações de eucaliptos. Por se empresa de estrangeira, a Arauco não pode comprar nem arrendar terras no Brasil. Para driblar estas restrições, os chilenos firmam contratos de usufruto, pagando em torno de R$ 100,00 mensais por hectare.
Em média, o ciclo de crescimento até o corte dos eucaliptos se estende ao longo de sete anos e justamente por isso os plantios da Arauco começaram ainda em 2021, bem antes da concessão de qualquer licença ambiental ou anúncio oficial do comando da empresa sobre a construção da fábrica.
VALE DA CELULOSE
Atualmente existem três fábricas de celulose em atividade no Mato Grosso do Sul. A primeira, da Suzano, opera desde 2009 em Três Lagoas. A segunda, a Eldorado, do grupo J&F, na mesma cidade, funciona desde 2012.
A terceira é a da Suzano de Ribas do Rio Pardo, que opera desde julho de 2024 . E, além do projeto da Arauco em Inocência, a Bracell pretende investir em torno de R$ 16 bilhões na construção de uma fábrica em Bataguassu, que seria a quinta do setor em Mato Grosso do Sul.