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Everton Ribeiro destaca Vini Jr. na luta antirracista e elogia trabalho do Bahia: 'Me orgulho muito'
Meia do Tricolor participa do painel Ubuntu Esporte Clube durante Festival Negritudes Globo
BATANEWS/GE
Everton Ribeiro debateu sobre a luta antirracista, o papel do Bahia nas ações afirmativas e saúde mental, nesta quinta-feira, quando participou do painel Ubuntu Esporte Clube, no Festival Negritudes Globo, em Salvador.
O meia do Tricolor foi convidado a opinar sobre o tema "O esporte como transformação social - como atletas podem ser agentes de transformação". O debate foi mediado por Marcos Luca Valentim e Thales Ramos.
Ao falar sobre racismo, Everton Ribeiro elogiou o atacante Vinicius Júnior, do Real Madrid e da seleção brasileira, como exemplo a ser seguido.
- Temos o Vini Jr. combatendo o racismo, sendo muito enfático, não se esconde. A gente consegue conversar, ter uma ideia do que ele passa, do que ele sofre. A gente viu ele chorando. E ver um menino chorando pelo que a torcida falou, pelo que eles fizeram, é triste ver que a sociedade não muda. E ver ele combatendo acaba chegando nos jogadores. A gente troca uma ideia, tento passar o que aprendo - detalhou o meia do Bahia.
- É o momento da gente poder acolher, mostrar que está com ele. Eu mesmo não entendia. A gente vê muitas coisas dentro de campo e no estádio "liberadas". Mas com os jogadores apoiando, mostrando que está errado, essas pessoas podem se constranger, e a gente ter uma mudança de atitude e pensamento - espera Everton Ribeiro.
O entendimento do jogador na luta na luta antirracista foi motivado pelo amigo e coordenador do Afroreggae, William Reis. O meia do Bahia ficou muito sensibilizado com a morte por asfixia de George Floyd, em 2020, após um policial nos Estados Unidos. O episódio desencadeou uma série de protestos por meio do movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam).
Sensibilizado com o tema, Everton Ribeiro, durante a pandemia do coronavírus, em 2020, usou as suas redes sociais para discutir sobre racismo.
- Eu queria saber mais, me aprofundar sobre o racismo. E ele foi me explicando e me deu ideia de abrir esse debate. Hoje sei o tamanho que represento no futebol. Graças a Deus tive carreira muito vitoriosa. Sei que o esporte tem esse alcance, de mudar esse pensamento. Conversamos, e eu abri o Instagram por um dia. Cada um falando de um tema, o racismo onde começou e estava levando. Aprendi muito. Isso me fez abrir a cabeça e aprender situações que eu não vivo. Mas pelo olhar consigo entender - detalhou Everton.
Ações afirmativas do Bahia
Everton Ribeiro começou a ser mais ativo na luta antirracista quando jogava pelo Flamengo. No Bahia desde 2024, ele vive momento de orgulho com as pautas afirmativas defendidas pelo clube.
- Fora de campo me orgulho muito porque é um time que se propõe a lutar por pautas difíceis: violência contra mulher, racismo, LGBT. O Bahia vai lutar por essas causas sociais, dar os parabéns para o Bahia - ressaltou Everton.
"Importante um clube de elite se importar com o seu povo e sua torcida. O futebol pode mudar, fazer pensar".
Saúde mental
O tema saúde mental também foi pauta da discussão. Everton conta que começou a encarar com relevância quando jogava no Flamengo e sofria críticas.
- Hoje todo mundo tem acesso, vê e fala em tempo real. Para os mais, novos afeta mais ou para quem está muito inserido em contexto de rede social. Já vivi isso no Flamengo. Estava vivendo um momento que não estava bem e estava olhando muito rede social. Me afetou muito. Minha esposa me deu uma ideia de conversar com psicólogo. Eu falei que era para doido. Não estava dando certo no campo, treinava e não rendia. Ela me passou o contato, conversei com a psicóloga e, em duas, três sessões, ela me abriu a cabeça. E aí comecei a jogar bem - recordou Everton Ribeiro.
Outro ponto importante para o atleta em relação ao debate sobre saúde mental é reduzir o tempo de tela. Everton conta que dava muita relevância para opiniões nas redes sociais.
- Eu continuava vendo as notícias, o que o pessoal achava. E mesmo assim falavam que eu não estava rendendo. E ela [a psicóloga] perguntou: "O que eles podem fazer para você mudar?" Eu disse: "Nada". E ela: "Então, por que você está ouvindo, lendo e escutando isso?" Eu parei para pensar e vi que não são eles que vão mudar o que vou fazer dentro de campo. Eu cortei rede social e parei de ver notícia. Me ajudou muito. Eu já estava jogando bem e passei a jogar melhor ainda. A rede social pode ser usada para o bem e também pode te jogar para baixo se você não está em um momento bom. Hoje temos que ter atenção em tudo - ressaltou.
"Hoje consigo me blindar e focar no que estou fazendo dentro de campo", finalizou o meia.