Policial
Vítima de emboscada, homem relata como foi esfaqueado nas costas pelo ex-amigo
Carlos diz ter sido atacado nove vezes após anos de amizade e desavença com ex-funcionário
BATANEWS/CGNEWS
Conhecidos, grandes amigos, colegas de trabalho e, por fim, inimigos. Essa é a cronologia da relação de Carlos Henrique Ferreira Rodrigues, de 39 anos, com o homem que ele acusa de tê-lo esfaqueado nove vezes pelas costas, há dez dias, em uma conveniência no Jardim Parati, em Campo Grande.
Segundo Carlos, a amizade entre os dois começou há cerca de quatro anos. “A gente era amigo de andar junto. Eu ajudei a pintar a casa do pai dele, que era policial aposentado', conta. Como o ex-amigo tinha dificuldade para conseguir emprego, Carlos ofereceu uma vaga na conveniência que administrava. “Você abre de manhã pra mim e, depois do almoço, eu assumo', teria proposto.
Desavenças – Na primeira semana, o novo funcionário cumpriu os horários e recebeu normalmente. Na segunda, desapareceu. Carlos diz que tentou contato, sem sucesso, e chegou a procurar o pai do rapaz, que localizou o filho e devolveu as chaves do comércio.
No dia seguinte, o ex-funcionário voltou pedindo desculpas, mas, segundo Carlos, a confiança já havia sido quebrada. Ao calcular o acerto, percebeu que o rapaz havia consumido cerca de R$ 500 em produtos da loja. “Ele disse que tinha anotado tudo. Falei que podia descontar da parte que eu devia a ele, e ele ficou bravo.'
Carlos então decidiu encerrar tanto a relação profissional quanto a amizade. “Em respeito ao pai dele, perdoei a dívida. Disse que ele não me devia nada, e eu também não devia nada a ele. Mas falei que não queria mais amizade. Para mim, confiança é tudo.'
Perseguição – Desde então, os encontros se tornaram hostis. “Aonde ele me encontrava, queria brigar. Dizia que eu falava mal dele, que o acusava de roubo. Começou a me ameaçar.'
Carlos afirma que bloqueou o número do ex-amigo, mas mesmo assim ele continuava procurando confronto. “Eu não sou de briga. Para mim, aquilo já estava resolvido.'
O crime – Na madrugada do dia 12 de julho, Carlos foi chamado por um amigo para ir até uma conveniência do bairro. Ao chegar, viu que o ex-amigo também estava lá, acompanhado de outras pessoas. “Ele começou a me agredir verbalmente, dizendo que eu estava ameaçando ele e o pai dele. Falei pra ele não encostar em mim, mas ele empurrou. Eu reagi com outro empurrão, e ele foi embora.'
Carlos acreditou que o confronto tinha acabado ali. Comprou uma lata de cerveja e ficou na calçada. Minutos depois, foi surpreendido novamente. “Ele voltou dizendo que eu devia R$ 500 mil para uma facção, umas coisas sem sentido. Partiu para cima de mim. A gente saiu na mão.'
Durante a briga, que foi registrada por câmeras de segurança, Carlos escorregou e caiu. Nesse momento, o agressor teria puxado suas pernas e, com ele no chão, começado a esfaqueá-lo. “Foram nove facadas. Uma perfurou meu pulmão. Quando vi, minhas vísceras estavam pra fora.'
Mesmo gravemente ferido, ele conseguiu chegar até a UPA do Leblon com ajuda de amigos. “Um deles pressionava meu ombro pra estancar o sangue, e eu segurava as vísceras. Só estou vivo por um milagre.' Ele foi transferido à Santa Casa e ficou internado por cinco dias.
O caso foi registrado na Depac Cepol como tentativa de homicídio qualificado por emboscada, traição ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima. A Polícia Civil segue investigando o crime.