A recente determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que impôs o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro, causou grande repercussão tanto no Brasil quanto no exterior. A resposta veio rapidamente: os Estados Unidos, por meio de uma medida ligada ao governo Trump, notório aliado e defensor de Bolsonaro, anunciaram a suspensão do visto de entrada de Moraes e de outros membros do Judiciário brasileiro, incluindo autoridades de municípios que teriam atuado contra o ex-presidente.

A decisão americana, embora polêmica, escancara o grau de alinhamento político entre Donald Trump e Jair Bolsonaro, e marca um novo capítulo nas tensões institucionais entre Brasil e EUA. A decisão fortalece a ala conservadora transnacional que se opõe ao que chamam de “ativismo judicial”.

Enquanto isso, o povo brasileiro assiste, mais uma vez, ao embate entre poderes e personalidades, pagando o preço de uma instabilidade que parece não ter fim. A palavra “democracia”, tão usada, repetida e defendida nos discursos políticos recentes, vai perdendo força diante de atitudes extremadas, decisões unilaterais e disputas de poder travadas em redes sociais e tribunais, em vez de nos espaços de debate público e institucional.

O mundo observa com atenção os desdobramentos dessa crise. O Brasil, uma das maiores democracias do hemisfério sul, encontra-se num ponto delicado, em que decisões judiciais, retaliações políticas e reações internacionais se misturam, afetando diretamente a imagem do país e a vida cotidiana da população.