Cotidiano
O segredo de quem muda de verdade e não volta atrás
Caminhos para vencer os incômodos, persistir nos novos planos e não se arrepender depois
BATANEWS/VEJA
Já falamos por aqui sobre um ponto que quase sempre é ignorado: que mudar de vida exige conviver com o desconforto. Que não existe transformação verdadeira sem incômodo, sem medo, ou sem resistência. E que o desconforto não é o inimigo, é apenas parte do caminho.
Mas saber disso não basta. Porque a pergunta que vem logo depois é: como aguentar o desconforto? Como continuar quando tudo parece difícil demais? Como sustentar uma mudança quando a vontade de desistir bate?
Quando tudo parece difícil demais (e é mesmo)
Imagine que você acabou de se mudar de casa. Pode parecer um exemplo simples, mas a lógica vale para qualquer transição. Nos primeiros dias, você não sabe onde guardou a faca. Vai ao banheiro e a toalha não está no lugar. Tenta sair, mas esqueceu onde deixou a chave.
Seu cérebro, que antes operava no automático, agora precisa pensar em tudo. Esse esforço extra tem um nome na ciência: carga cognitiva. Toda vez que estamos diante de algo novo, nosso cérebro consome muito mais energia para processar, decidir e se adaptar.
É como se tudo desse mais trabalho. Porque dá mesmo. E isso explica por que você se sente mais irritado, cansado ou inseguro no meio de uma mudança. Não é drama. É biologia.
O erro mais comum em mudanças
A armadilha não é o desconforto. É acreditar que você deveria estar calmo, produtivo ou confiante logo de cara. Só que mudança é bagunça. E tudo bem.
Esperar clareza imediata é como exigir que uma obra esteja limpa antes de ser finalizada. Não está. Não vai estar. O sofrimento real começa quando você acredita que esse caos é sinal de que algo está errado: com a mudança, ou com você.
Esse é o momento que muitas pessoas decidem parar no meio de algo que começaram. Mas existe um padrão que vejo nas pessoas que atravessam até os momentos mais difíceis: elas têm clareza do que as move.
Não se trata só de metas. Trata-se de significado
Uma coisa é dizer: “quero passar em uma prova”. Outra é perceber que estudar representa conquistar sua independência. Uma coisa é dizer: “quero perder peso”. Outra é entender que mudar o corpo significa ganhar liberdade para brincar com seus filhos.
Mas o que acende o seu fogo interno? Lembro de um paciente que sonhava entrar em Harvard. Quando fez um “raio X” da sua vida, percebeu que precisaria abrir mão de muita coisa.
A ambição por chegar lá era tão forte que ele atravessou todos os perrengues: estudo intenso, isolamento social temporário, medo, insegurança. Não porque era mais disciplinado do que outros, mas porque tinha clareza do seu porquê.
Na minha vida, impacto é o que me move
É isso que me faz escrever estas colunas mesmo nos dias em que estou exausta. É o que me faz continuar. Porque acredito que, se eu puder disseminar estratégias baseadas em evidência para o maior número de pessoas possível, então cada hora investida vale a pena.
Quando você encontra esse ponto de alinhamento entre o que faz e o que importa, algo muda. O tempo passa diferente. O corpo cansa, mas a alma segue.
O que é tão importante que te faz atravessar a dor?
No filme Quem Quer Ser um Milionário, tem uma cena que resume essa ideia. O protagonista, Jamal, ainda criança, está trancado em uma latrina em sua favela, quando descobre que seu ídolo, um astro do cinema indiano, está visitando o local.
Mesmo preso naquele banheiro precário, Jamal está tão determinado a conseguir o autógrafo que toma uma decisão extrema: se atira na fossa cheia de fezes, corre por entre a multidão — coberto de M… — e, no fim, consegue o autógrafo.
Essa cena do filme nunca saiu da minha cabeça. Porque é exatamente isso: quando você sabe o que quer, e aquilo é importante de verdade, você atravessa até a m… para chegar lá.
E chega, independentemente do desconforto que precisa atravessar.
Hoje, quero te convidar a parar por alguns minutos e se perguntar:
O que me faz levantar da cama? O que eu estaria disposto a atravessar para conseguir? O que acende meu fogo interno, mesmo nos dias mais difíceis? O que me faria pular e atravessar a m…?
Sua resposta não precisa estar pronta. Mas começar a fazer essas perguntas já muda tudo.
E, se quiser, clique aqui e me conta no meu perfil do Instagram: o que te move a mudar?