Policial
Hamas aceita libertar dez reféns em negociações de cessar-fogo em Gaza
Negociações para uma trégua de 60 dias ocorrem no Catar
MARIANA RIBEIRO SOARES - RTP
O Hamas informou que aceitou libertar dez reféns no âmbito dos esforços em curso para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
O grupo palestino, no entanto, afirma que as negociações para uma trégua estão 'difíceis' devido à intransigência de Israel. Netanyahu, por sua vez, se mostra confiante em um acordo.
Após três dias de negociações indiretas no Catar, o Hamas concordou em libertar dez reféns, afirmando que o seu objetivo é 'superar os obstáculos' para chegar a um acordo, apesar do que descreveu como 'negociações difíceis'.
'Embora as negociações (...) continuem difíceis devido à intransigência da ocupação [de Israel], continuamos a trabalhar seriamente e com um espírito positivo com os mediadores para ultrapassar os obstáculos', afirmou o Hamas em comunicado divulgado nesta quarta-feira (9).
'Para encaminhar os esforços em curso a uma conclusão bem-sucedida, o Hamas demonstrou a flexibilidade necessária e concordou em libertar dez prisioneiros', acrescentou o comunicado.
O grupo palestino afirma que entre os vários pontos de discórdia está a entrega de ajuda humanitária, a retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza e 'garantias genuínas' de um cessar-fogo permanente.
Falando sob condição de anonimato, uma autoridade palestina disse à AFP que a delegação israelense se recusou 'a aceitar o trânsito livre de ajuda para Gaza' e a retirada das tropas do território.
'Houve uma troca de opiniões, mas nenhum progresso', disse outra fonte palestina.
Netanyahu confiante
Apesar disso, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que havia “uma boa chance' de se chegar a um acordo, partilhando o otimismo do presidente norte-americano.
Donald Trump disse ontem que mantém a expectativa de que seja alcançado um acordo de cessar-fogo para Gaza ainda nesta semana ou na próxima.
'Sim, penso que estamos nos aproximando de um acordo. Penso que há uma boa chance de conseguirmos alcança-lo', disse Netanyahu, depois de se reunir com Trump em Washington na segunda (7) e terça-feira (8).
'Estamos falando de um cessar-fogo de 60 dias, durante o qual metade dos reféns vivos e metade dos mortos seriam entregues a Israel por estes monstros do Hamas', disse Netanyahu à FOX Business Network.
Netanyahu salientou, no entanto, que não quer um acordo “a qualquer preço'.
“Israel tem requisitos de segurança e outros requisitos e estamos trabalhando juntos para tentar alcançá-los', disse o primeiro-ministro israelense no fim do encontro com Trump.
Fim de semana
Na terça-feira, o enviado especial de Trump para o Médio Oriente, Steve Witkoff, disse esperar um acordo 'até ao final da semana' sobre uma trégua de 60 dias e a libertação dos reféns.
O projeto de acordo prevê a devolução de dez reféns vivos e dos corpos de outros nove.
Das 251 pessoas raptadas durante o ataque de 7 de outubro de 2023, 49 continuam detidas em Gaza, 27 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelense.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Sa'ar, também considerou um acordo 'possível'. Para o chefe do Estado-Maior israelense, Eyal Zamir, foram as operações do exército que 'impulsionaram o acordo'.
'Enfraquecemos seriamente as capacidades militares e governamentais do Hamas', disse. 'Graças ao poder operacional que geramos, foram criadas as condições para avançar para um acordo para a libertação dos reféns', acrescentou.
A par das negociações e da reivindicação de progressos militares, o exército israelense anunciou ontem a expansão das operações terrestres na região de Beit Hanun, no Norte da Faixa de Gaza, após a morte de cinco soldados em combates com o Hamas.
O conflito foi desencadeado em 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em solo israelense, que fez cerca de 1,2 mil mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 57 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.