Policial
Golpes com vídeos gerados por inteligência artificial aumentam e MPMS faz alerta
Vídeos hiper-realistas, chamados de deepfakes, confundem vítimas e têm impulsionado nova onda de golpes digitais em MS e no Brasil
GLAUCEA VACCARI
Com a popularização das ferramentas de inteligência artificial capazes de criar vídeos hiper-realistas, conhecidos como deepfakes, têm aumentando também uma nova onda de golpes digitais, onde estelionatários utilizam da tecnologia para criar vídeos falsos com rostos e vozes de pessoas reais, o que deixa vítimas mais vulneráveis a acreditar e cair nos golpes.
Diante da situação, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) emitiu alerta para que a população fique cada vez mais atenta e desconfie sempre de qualquer tipo de conteúdo recebido por redes sociais, aplicativos de mensagens ou anúncios online.
'Em caso de dúvida, a recomendação é buscar diretamente a fonte oficial ou os canais institucionais da empresa ou órgão mencionado', diz alerta.
As aplicações fraudulentas são diversas: vídeos com 'mulheres falsas' para enganar vítimas em relacionamentos virtuais, depoimentos de clientes inexistentes para vender produtos fraudulentos, cursos online com 'professores criados por IA' e até falsos “gerentes de banco” que orientam transferências em tempo real.
Em outros casos, rostos e vozes clonadas são utilizados para espalhar fake news e manipular opiniões públicas com declarações falsas.
Para quem já foi vítima desse tipo de golpe ou já teve a imagem ou voz utilizada indevidamente, o órgão disponibiliza atendimento através da ouvidoria, disponível no site da instituição, e também presencialmente nas unidades das Promotorias de Justiça.
Além disso, as vítimas devem procurar uma Delegacia de Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência.
Não há informações sobre quantos casos já foram registrados em Mato Grosso do Sul, mas há registros de aumento deste tipo de estelionato em todo o País.
Conforme o MPMS, esses crimes representam uma grave ameaça à segurança da informação, às relações pessoais e comerciais, além de violarem direitos fundamentais como honra, boa-fé e dignidade e a instituição atua no enfrentamento às fraudes digitais.
Deepfake
Deepfake é uma tecnologia baseada em inteligência artificial (IA) que permite criar vídeos, áudios ou imagens falsos, mas extremamente realistas, ao ponto de parecerem verdadeiros. Com essa técnica, é possível, por exemplo, trocar o rosto de uma pessoa pelo de outra em um vídeo, ou até mesmo fazer com que alguém pareça dizer algo que nunca disse.
Embora o deepfake tenha aplicações positivas, como no entretenimento (em filmes, séries ou videogames), a tecnologia tem sido comumente usada para espalhar desinformação, fraudes, chantagens ou mesmo manipulação política, levantando sérias questões éticas e legais.
O avanço dessas práticas torna o ambiente digital cada vez mais vulnerável, colocando em risco a confiança nas interações online.
Apesar de recente, essa modalidade criminosa tem demonstrado alta eficácia ao combinar elementos visuais e sonoros extremamente convincentes, induzindo vítimas ao erro. A sofisticação dessas produções, somada ao uso indevido de marcas, instituições e nomes reais, transforma os vídeos em armadilhas quase imperceptíveis, com potencial para causar sérios danos à reputação, à segurança e à integridade dos cidadãos.