Policial
Operação do Ibama apreende 202 kg de agrotóxicos ilegais em Terra Indígena Guyraroka, em Caarapó (MS)
Ação contou com apoio da Força Nacional e da Polícia Civil; produtos estavam escondidos em área de proteção ambiental
BATANEWS/REDAçãO
Uma operação deflagrada na última terça-feira (1º), pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), com apoio da Força Nacional e da Polícia Civil, resultou na apreensão de 202 quilos de agrotóxicos contrabandeados do Paraguai. Os produtos estavam armazenados de forma clandestina no interior de uma fazenda situada na Terra Indígena Guyraroka, no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 km de Campo Grande.
Coordenada pelo MPF (Ministério Público Federal), a ação teve como base denúncias de armazenamento irregular de substâncias químicas em meio à mata fechada, dentro de área reconhecida como reserva legal e zona de proteção ambiental. Após diligências no local, agentes do Ibama e equipes da Força Nacional confirmaram o crime ambiental.
Segundo os agentes, o acesso a um dos pontos de estocagem só foi possível com o uso de trator, devido à densidade da vegetação e à tentativa dos responsáveis de camuflar os depósitos. Os agrotóxicos, todos de origem paraguaia, foram identificados, quantificados e encaminhados à Receita Federal. A Polícia Federal assume agora as investigações relativas ao crime de contrabando.
O proprietário da fazenda é investigado e pode ser responsabilizado administrativa e criminalmente. O Ibama já aplicou multas que somam R$ 875 mil e estuda adotar medidas adicionais, como o embargo das lavouras e a apreensão da produção agrícola, especialmente do milho cultivado com o uso das substâncias ilegais.
De acordo com os órgãos federais, a operação tem como objetivo principal proteger os direitos dos povos indígenas e assegurar a integridade das terras já declaradas como indígenas, mas ainda ocupadas por propriedades privadas. A Terra Indígena Guyraroka, lar do povo Guarani Kaiowá, está em processo de demarcação pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), mas continua sob pressão de ocupações agropecuárias.
A região é palco de recorrentes conflitos fundiários e ambientais, com denúncias frequentes de pulverização aérea irregular de agrotóxicos nas proximidades das aldeias. A operação do Ibama representa mais um capítulo na luta por reconhecimento territorial e pela preservação ambiental nas terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas do Mato Grosso do Sul.