Dólar fecha em R$ 5,54 após anúncio de pacote de impostos do governo

Mercado reage com cautela a nova medida provisória que altera tributos sobre investimentos; risco fiscal e cenário externo também pressionam câmbio

BATANEWS/REDAçãO


Cédula do dólar, moeda norte-americana. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Brasília, 12 de junho de 2025 – O dólar comercial encerrou o pregão desta quinta-feira cotado a R$ 5,54, com leve alta de 0,07%, refletindo a reação do mercado financeiro à divulgação de um novo pacote fiscal do governo federal. A medida provisória, publicada na noite anterior, prevê mudanças na tributação de investimentos, incluindo apostas esportivas, criptoativos e fundos exclusivos, além de alterações no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O objetivo do governo é elevar a arrecadação em mais de R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 21 bilhões em 2026, compensando perdas previstas com a revogação do aumento anterior do IOF, considerado inconstitucional pelo Congresso.

Repercussão imediata

A medida gerou volatilidade no mercado de câmbio, diante de incertezas sobre a tramitação do pacote no Legislativo. Líderes do Centrão já sinalizaram resistência ao conteúdo da MP, especialmente em relação ao IOF, e prometeram obstruir sua aprovação caso não haja diálogo com o Parlamento.

“O mercado precifica um risco fiscal maior no curto prazo, especialmente se o governo não conseguir apoio suficiente no Congresso para aprovar as mudanças”, afirmou Marcelo Leite, analista da XP Investimentos.

Fatores externos ampliam pressão

Além do ambiente político doméstico, o mercado cambial também foi influenciado por fatores externos. O dólar se valorizou frente a outras moedas emergentes, em meio ao aumento da tensão comercial entre Estados Unidos e China. Rumores sobre uma nova rodada de tarifas comerciais anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump alimentaram a aversão ao risco nos mercados globais.

Ibovespa sobe com apoio de bancos e petróleo

Apesar da alta do dólar, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), fechou em alta de 0,49%, aos 137.800 pontos, impulsionado por ações do setor bancário e de empresas ligadas ao petróleo. Os investidores buscaram ativos considerados menos sensíveis ao risco fiscal no Brasil.

Próximos capítulos

A expectativa agora se volta para a votação da urgência da medida provisória na Câmara dos Deputados, prevista para a próxima segunda-feira (16). A condução política do governo será fundamental para garantir a tramitação do texto dentro do prazo de validade da MP.

Além disso, o mercado monitora a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que pode ajustar a taxa Selic à luz das novas perspectivas fiscais e inflacionárias.