Agronegócios
Produtores Rurais enfrentam desafios climáticos e financeiros: entenda as diferenças entre prorrogação e renegociação de dívidas
Agricultores também lidam com a queda no preço de produtos como a soja, cuja saca, que chegou a valer R$ 200 há dois anos, hoje está em torno de R$ 100. Compartilhe: Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)
BATANEWS/O PRESENTE RURAL
A agricultura no Brasil sempre enfrentou desafios, mas nos últimos anos, esses obstáculos têm se intensificado. Segundo o advogado especialista em Direito Bancário e Agrário, Acir Marcondes, os produtores rurais estão cada vez mais expostos a condições climáticas adversas e à pressão financeira, agravadas por fatores externos, como a pandemia e a guerra na Ucrânia, que encareceram insumos essenciais como fertilizantes.
Segundo Marcondes, além das dificuldades climáticas – geadas, secas e calor excessivo -, os agricultores também lidam com a queda no preço de produtos como a soja, cuja saca, que chegou a valer R$ 200 há dois anos, hoje está em torno de R$ 100. “Isso diminui drasticamente a renda do produtor, gerando um ciclo de dívidas que se torna difícil de administrar', explica.
Foto: Marcello Casal
Uma das maiores preocupações dos produtores rurais é como lidar com as dívidas, principalmente quando enfrentam uma queda na produtividade. Marcondes ressalta a importância de conhecer as diferenças entre prorrogação e renegociação de dívidas. “A prorrogação é um direito do produtor. Ele pode solicitar ao banco, antes do vencimento da dívida, a reprogramação dos pagamentos, sem alterar os juros ou as garantias do contrato”, esclarece.
Já a renegociação, segundo o advogado, pode ser uma armadilha para o produtor, pois muitas vezes os bancos impõem condições desfavoráveis, como o aumento dos juros ou a exigência de garantias adicionais, como terras ou equipamentos – práticas ilegais, conforme a legislação agrária.
Foto: Divulgação/Arquivo OPR
Para Marcondes, o ideal é que a legislação seja cumprida à risca, permitindo ao produtor prorrogar suas dívidas sem comprometer o patrimônio. “A lei agrária existe para proteger a produção rural e garantir a continuidade da atividade, que é essencial para a segurança alimentar e econômica do país”, destaca.
O advogado alertou que, em meio aos desafios climáticos recentes, como as geadas que afetaram as safras, os produtores devem documentar imediatamente as perdas e buscar assessoria jurídica especializada. “Isso é fundamental para garantir que os direitos do produtor sejam respeitados e que ele possa continuar produzindo sem comprometer seu patrimônio', afirma.
Para aqueles que estão prestes a solicitar novos financiamentos, Marcondes reforçou a importância de formalizar todos os pedidos por escrito, preferencialmente com o acompanhamento de um advogado. Isso pode evitar problemas futuros e garantir que os direitos do produtor sejam respeitados pelos bancos.
O advogado reforça a necessidade de que os produtores rurais estejam atentos às mudanças no cenário financeiro e às práticas das instituições bancárias. Conhecer os direitos previstos na legislação agrária é a melhor forma de garantir a continuidade da produção, sem comprometer o patrimônio que é vital para o setor agrícola do país.