Internamente e globalmente, a maioria dos mercados de grãos e oleaginosas parece solidamente baixista, mas vários fatores subjacentes mantêm os "touros" do mercado próximos, conforme observado por Stephen Nicholson, vice-presidente executivo e estrategista do setor global de grãos e oleaginosas do Rabobank, em uma apresentação recente no International Sweetener Colloquium.

"O clima é um problema", destacou Nicholson aos participantes do Colóquio em 28 de fevereiro. "Em todo o Cinturão do Milho dos EUA, estamos enfrentando condições de seca intensa. Embora nossas condições de umidade do solo tenham melhorado, a reserva é limitada, e precisaremos de chuvas oportunas."

Ao referir-se à safra de trigo de inverno atualmente plantada nos EUA, Nicholson mencionou que, apesar das melhorias nas classificações das condições da colheita em comparação com o ano anterior, ainda há preocupação devido à falta de cobertura de neve neste inverno.

Além da seca, Nicholson expressou preocupação com o aumento das temperaturas, especialmente as noturnas mais quentes, que podem intensificar o estresse nas colheitas neste verão. Ele destacou que, embora a genética melhorada esteja auxiliando as culturas a lidar com o calor diurno, estas ainda necessitam de uma pausa noturna das temperaturas extremas, algo que muitas não devem ter. Adicionalmente, as temperaturas mais elevadas estão contribuindo para a sobrevivência de pragas.

Outra área de apreensão, conforme indicou Nicholson, é que, embora os stocks globais de cereais tenham se recuperado, principalmente devido à enorme produção brasileira de milho e soja nos últimos anos, os stocks globais de trigo e arroz – principais cereais alimentares do mundo – continuam a diminuir. Ele ressaltou que a história evidencia que casos de insegurança alimentar têm o potencial de desencadear agitação comunitária, provocando reações de alta no mercado.