Cotidiano
Professora paga para alisar cabelo crespo de aluna e reabre debate sobre racismo estético nas escola
Caso revolta nas redes e levanta alerta sobre imposição de padrões, violação da identidade infantil e silenciamento da estética negra
BATANEWS/REDAçãO
O recente episódio envolvendo uma professora que pagou para desmanchar o cabelo crespo de uma aluna sem o consentimento da família provocou forte repercussão nas redes sociais e acendeu um sinal de alerta sobre os limites da atuação pedagógica no corpo e na identidade das crianças. O caso, ocorrido em uma instituição de ensino não identificada, gerou indignação de internautas, ativistas e profissionais da educação que viram na atitude da professora uma imposição estética enraizada em valores racistas.
Segundo o relato publicado inicialmente por portais de entretenimento, a professora teria levado a criança a um salão de beleza e arcado com os custos de um processo de alisamento ou transformação do cabelo natural, sob a justificativa de “melhorar a aparência” da menina. A escola, diante da polêmica, contratou uma cabeleireira especializada em cabelos crespos para tentar desfazer o procedimento, o que evidenciou ainda mais a gravidade da situação.
Especialistas em psicologia infantil alertam que esse tipo de intervenção, ainda que bem-intencionada na visão de quem a pratica, reforça padrões eurocêntricos de beleza e envia à criança a mensagem de que sua aparência natural precisa ser corrigida. Isso compromete a formação da autoestima, especialmente em crianças negras, para quem o cabelo crespo é símbolo de identidade, resistência e ancestralidade.
Além dos danos emocionais, a dermatologista Dra. Luana Paes, consultada pela imprensa, destacou que processos químicos realizados sem a preparação adequada e sem avaliação médica podem causar fragilidade capilar, queimaduras e até queda de cabelo. Para ela, a conduta da professora ultrapassou os limites da função pedagógica e configurou violação da integridade física da aluna.
O caso vem à tona num momento em que se discute com mais força o papel das escolas na valorização da diversidade racial e estética. Movimentos como o “Crespas e Poderosas” têm promovido campanhas educativas que incentivam o empoderamento das crianças negras a partir do reconhecimento da beleza natural dos seus cabelos.
Mais do que uma questão estética, o episódio é um alerta sobre como o racismo pode se manifestar de forma sutil e institucionalizada no ambiente escolar. É urgente rever práticas, treinar equipes e garantir que as decisões envolvendo a imagem das crianças sejam tomadas com responsabilidade, afeto e respeito à sua origem.
(Informações Redação Terra)