Agronegócios
Infraestrutura é gargalo do agro brasileiro
“Temos atualmente uma elasticidade de oferta impressionante no agronegócio brasileiro"
BATANEWS/AGROLINK
As safras recordes do agronegócio brasileiro enfrentam um desafio significativo devido à falta de investimentos em infraestrutura de transporte e armazenagem, o principal gargalo do setor, de acordo com Alexandre Mendonça de Barros, sócio consultor na MB Agro. A modernização e expansão da produção ao longo das décadas não foram acompanhadas por melhorias na infraestrutura. Alexandre, engenheiro agrônomo e doutor em Economia Aplicada pela USP, discutiu essas questões em um podcast da Kinea Investimentos, enfatizando que os investimentos em infraestrutura ocorrem de forma intermitente, apesar dos choques de oferta que o setor experimenta.
“Temos atualmente uma elasticidade de oferta impressionante no agronegócio brasileiro. Incorporamos 2,5 milhões de hectares de produção em três anos, isso é um fenômeno. Mas nestes momentos em que a oferta sobe, não tem armazém que dê conta. Em volume, vamos exportar neste ano perto de 260 milhões de toneladas de alimentos. Dez anos atrás, este número era de cerca de 120 milhões de toneladas. Isso exige uma infraestrutura gigante, mas são ondas (em relação aos preços de commodities). É preciso entender o movimento, pois você não coordena isso, o mercado é quem coordena”, disse Alexandre, que completou.
Há uma demanda crescente por alimentos, e a maior parte dos estoques significativos está concentrada na China e Índia. Entretanto, temos informações limitadas sobre esses estoques. Atualmente, enfrentamos um ambiente de constante tensão e frequentes choques climáticos, o que mina a ideia de que podemos contar com uma geografia e comércio internacional que proporcionem estabilidade. Em alguns momentos, isso resulta em explosões de preços. O principal problema reside nas quebras na produção de grãos, que são produtos amplamente consumidos. Se os preços dos grãos aumentam, isso também eleva o custo da proteína animal.
"A grande região que concorre conosco é o Leste Europeu. Ali existe um potencial de área de plantio. Até os anos 90 eles eram péssimos agricultores, as fazendas coletivas durante a União Soviética não funcionaram. Depois da queda do regime, as propriedades tiveram um crescimento de produtividade muito grande. As maiores planícies contínuas do planeta são as estepes russas. Os russos se tornaram importantes exportadores de trigo e têm um potencial de crescimento muito grande. E outro grande expoente é a Ucrânia, mas o cenário da guerra colocou uma dúvida em relação a esse panorama”, destacou.
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