Agronegócios
Safra será gorda, mas com margens menores, aponta consultoria
BATANEWS/BRASILAGRO
Entre os dez principais pontos relevantes para o agronegócio neste ano, a consultoria Céleres destaca uma redução nas margens de ganho dos produtores.
Após dois anos de alta, o setor volta para uma fase de margens normais, tanto para soja como para milho, alerta a consultoria.
Dois fatores vão pesar na liquidez do setor: preços dos produtos e custos. A perspectiva é de preços estáveis ou até menores para o período, o que contrasta com os custos,que subiram para outro patamar devido à alta dos insumos.
Os produtores do médio-norte de Mato Grosso deverão obter 60 sacas de soja por hectare. Com a alta de custos diretos e de outras despesas, a margem operacional recua para 12 sacas na safra 2022/23. Na anterior, havia sido de 28.
Os produtores de milho da mesma região devem obter 125 sacas. Após custos diretos e outras despesas, a margem será de 46 sacas, abaixo das 67 da safra 2021/22.
A consultoria destaca, no entanto, uma melhora na logística brasileira em relação à dos principais concorrentes produtores de grãos do país.
A ampliação da saída dos grãos pelos portos do chamado Arco Norte e de novos trechos de ferrovias equipara custos aos de outros países.
Mudanças no arcabouço regulatório de portos e de ferrovias também alteram a dinâmica do setor, segundo a Céleres.
O Brasil ganha novos mercados e leva para o exterior uma diversidade maior de produtos. Isso possibilita investimentos em logística no escoamento de grãos e na importação e distribuição de insumos.
O desempenho global de 2023, porém, aponta para um cenário diverso do dos últimos anos. A demanda poderá continuar aquecida, mas os preços externos recuam.Crescimento menor na economia chinesae riscos geopolíticos devem interferir no mercado agropecuário.
Na avaliação d1a consultoria, a safra de soja não deverá sofrer grandes influências do clima, o que permitirá um plantio do milho no período adequado.
Após tantas incertezas no abastecimento de fertilizantes no início de 2022, o país termina o período com 12 milhões de toneladas de estoques finais. Os preços elevados, porém, pioram a relação de troca dos produtores.
A consultoria destaca também que os anos recentes mostraram uma aceleração na produção de produtos biológicos e de nutrição especial para as plantas. Essa evolução vai continuar nos próximos dez anos, atingindo uma média anual de aumento de 20% a 25%.
A Céleres aponta, ainda, um movimento de consolidação da cadeia distributiva de insumos no Brasil. Novos ajustes virão nos próximos anos.
A produção agrícola ganha força, e a nova ocupação de área será sobre os 19,8 milhões de hectares de pastagens degradadas (Folha de S.Paulo, 11/1/23)