O real teve uma das piores sessões do ano nesta quarta-feira (9) e encerrou o dia cotado a R$ 5,503, com alta de 1,06% no mercado à vista. A virada de humor nos mercados ocorreu após o presidente dos Estados Unidos anunciar que pretende impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo o governo norte-americano, a medida estaria relacionada ao cenário político interno do Brasil, incluindo o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Logo após a declaração, o real passou a liderar as perdas globais. De acordo com a agência AFP, a moeda brasileira chegou a recuar 2,11% frente ao dólar no mercado internacional, sendo negociada a R$ 5,56 por unidade, o pior desempenho entre as 31 divisas mais líquidas monitoradas pela Bloomberg.

A escalada do dólar completou um movimento que já vinha sendo influenciado pela expectativa de novas barreiras comerciais e pela cautela típica na véspera de divulgações econômicas nos Estados Unidos. Operadores afirmam que o anúncio pegou o mercado cambial de surpresa, já que até então as discussões sobre novas tarifas estavam centradas em países com menor peso comercial.

Com o Brasil no alvo, aumentou a procura por proteção em dólar, o que elevou os contratos futuros e pressionou as cotações no mercado à vista. Mesmo sem detalhes sobre o escopo da medida, o simples anúncio foi suficiente para disparar algoritmos de venda de real e compra de dólar em grandes plataformas de negociação.

No fim da tarde, a cobertura de posições reduziu levemente as perdas, mas não mudou o cenário de forte desvalorização: o real foi a moeda que mais caiu no dia entre os países emergentes, superando inclusive o peso argentino.

Analistas agora aguardam a formalização da tarifa para revisar projeções de fluxo comercial e câmbio. Enquanto isso, esperam alta volatilidade nos próximos dias e possível intervenção do Banco Central caso o dólar volte a renovar máximas acima de R$ 5,50.