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Punido por manipulação, brasileiro do Pachuca vê volta por cima com Copa: 'Tenho que ser exemplo'
Zagueiro participa de torneio pelo Pachuca e tenta deixar para trás suspensão de um ano por envolvimento em manipulação de resultados: "Muitos clubes fecharam as portas, e eu entendo"
BATANEWS/GE
Uma das histórias da Copa do Mundo de Clubes entra em campo nesta quarta-feira, às 19h (de Brasília), no TQL Stadium, em Cincinnati, contra o Red Bull Salzburg. O zagueiro Eduardo Bauermann, de 29 anos, vive o que classifica como uma volta por cima ao disputar a competição pelo Pachuca, do México, um ano depois do fim da suspensão pelo envolvimento em esquema de apostas.
Bauermann foi um dos punidos depois da investigação da Operação Penalidade Máxima, deflagrada em 2023, por ter participado de esquema com apostadores. Inicialmente, foi suspenso por 12 partidas. Depois, a pena foi modificada para 360 dias. Após viver os momentos que classifica como fundo do poço, hoje experimenta o sentimento oposto um ano depois de ser liberado para jogar.
– Eu digo que é uma volta por cima. Mas acima de tudo isso me coloco mais consciente do quanto Deus foi bom comigo. Porque ele teve que me colocar no fundo do poço para que hoje eu pudesse estar vivendo um momento como esse. Nem nos melhores momentos da minha carreira eu me imaginava estar disputando um mundial de clubes – disse Bauermann em entrevista ao ge.
– Sabia que iria demorar muito tempo para que eu pudesse mudar a minha imagem, mas eu sei do coração que eu tenho, eu sei do meu caráter, as pessoas que estão perto de mim me conhecem muito bem e eu fico tranquilo. Sei que nessa nova fase tenho que ser um exemplo de volta por cima por já ter passado pelo momento ruim e hoje estar vivendo o melhor momento da minha carreira.
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O zagueiro do Pachuca tem no erro cometido no passado uma passagem de aprendizado. Bauermann entende que o envolvimento no esquema poderia ter sido evitado. A explicação para a participação veio através de uma ingenuidade para a aproximação de pessoas com segundas intenções. O jogador diz que cresceu com o caso.
– Eu fazia terapia, porque eu tinha uma dificuldade muito grande de dizer não para as pessoas. Independente se era um familiar, se era um amigo, se era um conhecido. Às vezes, as pessoas me colocavam em uma situação muito incômoda e eu não sabia dizer não. Passava por situações desconfortáveis e não sabia dizer não.
– Se a gente souber impor limite nas pessoas e entender que nem sempre as pessoas têm um coração bom como o nosso, isso vai fazer com que a gente cresça. Porque mesmo que a gente tenha que cortar algumas relações, mesmo que a gente tenha que saber impor limite, também é gostar da pessoa. Acho que esse é o principal que faltou naquele Eduardo, que mantinha uma boa relação com todo mundo, tinha uma dificuldade muito grande em falar não para as pessoas.
– Olhando para aquele Eduardo Bauerman, veria ele como uma pessoa um pouco imatura. Por querer ser bonzinho demais e acabar não dando limite para as pessoas. Isso faz com que mesmo aquelas pessoas que te mostram ter boas intenções, nem sempre é o que elas têm no coração. Olho para aquele Eduardo e vejo ele com uma inocência muito grande. E às vezes as pessoas se aproximam realmente para tirar proveito. Acho que é o maior ensinamento que trago – completou.
Bauermann reconheceu que se surpreendeu com a oportunidade recebida no Grupo Pachuca. Antes da ida para o México, o zagueiro foi contratado pelo Everton, do Chile, a partir do fim da punição, em junho de 2024. O sucesso o fez seguir para o clube mexicano, que pertence ao mesmo conglomerado de clubes, no fim de 2024.
– Certamente muitos clubes fecharam as portas nesse momento e eu entendo, não julgo. Foi um momento muito difícil, foi um assunto bem delicado que chamou a atenção do Brasil inteiro, então certamente muitos clubes fecharam a porta. Ter essa oportunidade de ser do Grupo Pachuca, porque eu fui para o Everton já sendo do Grupo Pachuca, então já de cara ter uma oportunidade muito grande como essa, nem eu esperava, sinceramente, nem eu esperava.
Sonho no Mundial
A estreia do Pachuca ocorre nesta quarta-feira, às 19h, contra os austríacos do Red Bull Salzburg. Completam o Grupo H o Real Madrid e o Al-Hilal. O time espanhol, por sinal, é o que faz brilhar os olhos de Bauermann. O zagueiro quer ter a experiência de marcar nomes como Vinicius Júnior, Bellingham, Mbappé e Rodrygo, entre outros.
– Para ser bem sincero, vou te falar que a ficha ainda não caiu, porque essa competição, esse tipo de competição, é o que a gente almeja desde que começa a jogar. Por exemplo, eu comecei com 9 anos e nem nos meus melhores sonhos eu imaginava um dia poder estar jogando uma competição como essa.
– Vemos que a melhor qualidade do futebol realmente está com o Real Madrid, com o Manchester City, PSG, Inter de Milão, entre outras equipes. Já se criou uma expectativa muito grande de marcar Vinicius Junior, de marcar Mbappé, Bellingham, Rodrygo. É um sonho sendo realizado, porque a gente quer jogar contra os melhores, quer estar entre os melhores e aí está uma baita oportunidade. Para mim, o Vinicius, no momento, é o melhor jogador do mundo junto com o Raphinha – acrescenta.
No ano passado, o Pachuca enfrentou o Real Madrid na final da Copa Intercontinental, novo nome do Mundial de Clubes em dezembro. Essa experiência tem sido passada pelos jogadores presentes no elenco para aqueles que a viverão pela primeira vez, caso de Bauermann. O zagueiro estava no clube, mas ainda não podia jogar.
– Eles estão transmitindo para a gente no dia a dia a importância desse jogo, de poder desfrutar, porque a gente nunca sabe, pode ser a primeira e pode ser a última vez que viemos a participar. Então as expectativas são as melhores, dar o nosso melhor, porque isso vai nos condicionar a nos dar uma nova oportunidade de participar da competição – finalizou Bauermann.