Recordes nos embarques de carne e nos abates de fêmeas ditarão os preços do boi gordo

Brasil se encaminha para mais uma marca histórica na exportação de proteína bovina ao mesmo tempo em que demanda interna tem correspondido a oferta

BATANEWS/CANAL RURAL


Foto: Agência IBGE Notícias

O mercado físico do boi gordo apresentou cotações de estáveis a mais altas no Brasil durante a semana.

O analista de Safras & Mercado Fernando Iglesias ressaltou que a boa demanda voltada à exportação e a oferta limitada de animais jovens, especialmente para atender ao mercado chinês, contribuíram para sustentar as cotações.

Segundo ele, as escalas de abate seguem posicionadas entre cinco e sete dias úteis na média nacional e, em algumas praças, a arroba foi negociada acima da referência média.

O analista comenta que as exportações de carne bovina seguem como a grande variável, com o país caminhando a passos largos para atingir volumes recordes neste ano.

O coordenador da equipe de inteligência de mercado da Scot Consultoria, Felipe Fabbri, ressalta que a pesquisa do IBGE que divulgou os dados consolidados de abate de bovinos no primeiro trimestre do ano deve ser o destaque do mercado nos próximos meses.

“Esse levantamento mostrou a maior participação de fêmeas da história da pecuária brasileira em um trimestre, com 49% de fêmeas indo para gancho, com um volume de novilhas também em maior nível, ou seja, há muita oferta de fêmeas e isso deve influenciar o mercado quando esse número começar a ‘enxugar'”, conta.

Segundo ele, isso já começou a acontecer em maio, com uma participação menor de fêmeas, considerando os abates Sif, tendência que continua em junho. “Em nossa concepção, o excedente de fêmeas já foi liquidado no mercado para os próximos meses, então a expectativa é para um mercado mais acomodado, o que sustenta as cotações do boi gordo.”

Para Fabbri, pensando no escoamento de carne na segunda quinzena de junho, o cenário ainda é favorável, observando que no mercado acadista de carne com osso e sem osso os patamares continuam firmes, com ajustes pontuais ao longo da cadeia, mas sem derretimento, o que mostra que o consumo doméstico tem conseguido absorver a oferta.

“Nas próximas semanas, o cenário para as cotações é de muito mais estabilidade, com poucos ajustes pontuais, talvez para baixo por conta do impacto maior de oferta de boiadas pela frente fria e mais gado confinado chegando junto às unidades frigoríficas somado a um arrefecimento de demanda interna.”

O mercado atacadista registrou preços em alta durante a semana, levando em conta a entrada dos salários na economia como motivador da reposição entre atacado e varejo.

Segundo Iglesias, ainda há uma certa preocupação com a queda de preços verificada para a carne de frango no atacado e que ainda pode respingar no varejo, limitando a demanda por carne bovina.

O quarto do traseiro do boi foi cotado a R$ 24,50 o quilo, alta de 6,52% frente aos R$ 23,00 da semana passada. Já o quarto do dianteiro do boi foi vendido por R$ 19,50 o quilo, aumento de 5,41% frente aos R$ 18,50 registrados na semana anterior.

As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 344,709 milhões em junho (5 dias úteis), com média diária de US$ 68,942 milhões, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

A quantidade total exportada pelo país chegou a 64,225 mil toneladas, com média diária de 12,845 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 5.367,20.

Em relação a junho de 2024, houve alta de 60,4% no valor médio diário da exportação, ganho de 33,5% na quantidade média diária exportada e avanço de 20,2% no preço médio.

*Com informações da Safras News