Política
Após CPI das Bets, Soraya diz que teme ser envenenada no Senado
'Não tomo mais nem água nem café que venham de dentro do Senado. Estou andando com segurança armada até os dentes', afirmou a senadora de MS
BATANEWS/REDAçãO
“Não tomo mais nem água nem café que venham de dentro do Senado. Estou andando com segurança armada até os dentes.” A frase, segundo o site de notícias Metrópoles, é da senadora sul-mato-grossense Soraya Thronicke (Podemos-MS), que foi relatora da CPI das Bets e teve seu relatório reprovado, o primeiro em dez anos no Congresso.
Conforme a reportagem do Metrópoles, a parlamentar relatou que foi ameaçada nos dias que antecederam a leitura do relatório final da comissão, que pediu o indiciamento de 16 investigados, entre eles empresários, donos de sites de apostas e celebridades como Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra.
“Se cair uma unha minha, de alguém da minha família ou de alguém da minha equipe, sei de quem é a culpa. Não vou dizer quem foi, mas, se analisar quem assinou pela abertura da CPI, quem virou membro e quem a sabotou, você saberá quem me caluniou e me difamou”, declarou Soraya, que procurou a Polícia Federal.
Antes da apresentação do relatório, a senadora já vinha se queixando nos bastidores do presidente da CPI, senador Dr. Hiran (PP-RR), a quem acusava de tentar esvaziar os trabalhos da comissão por orientação do presidente do PP, Ciro Nogueira.
A senadora relatou ao senador Fabiano Contarato (PT) que Hiran fazia convocações em cima da hora e que havia uma estratégia deliberada de parlamentares para faltar às sessões, com o objetivo de derrubar o quórum e travar a investigação. Apesar dos esforços da relatora, o texto foi rejeitado pela comissão por quatro votos a favor e três contrários — insuficientes para aprovação.
As tensões aumentaram após a revelação de que Ciro Nogueira, integrante da CPI, viajou a Mônaco em jatinho do empresário Fernando Oliveira Lima — apontado pela relatora como “um dos principais nomes do setor de apostas online no Brasil” e um dos alvos da comissão.
A senadora chegou a pedir a exclusão de Ciro da comissão sob o argumento de que era necessário “preservar a imparcialidade e a credibilidade dos trabalhos investigativos”. O pedido, no entanto, não foi acatado.
O episódio evidencia as dificuldades enfrentadas pela relatora no curso da apuração, em um cenário de pressões políticas, interesses empresariais e disputas internas.
A CPI das Bets, que prometia investigar a fundo o mercado de apostas esportivas e suas conexões com personalidades públicas, termina sob questionamentos e suspeitas levantadas pela própria senadora que conduziu os trabalhos.
(Com informações do site Metrópoles)