Agricultura
Produtor de milho comemora chuva e frio menos intenso que o previsto
Com termômetros acima dos quatro graus em praticamente todo o Estado nesta quinta-feira, não houve registro de geada suficientemente forte para prejudicar lavouras
BATANEWS/REDAçãO
A chuva desta semana chegou a praticamente todos os municípios de Mato Grosso do Sul, com volumes entre 20 e 50 milímetros, beneficiando os mais de 2,1 milhões de hectares ocupados pelo milho safrinha. Ao mesmo tempo, o frio na madrugada desta quinta-feira foi menos intenso que o previsto pelos institutos de meteorologia.
Conforme o engenheiro agrônomo Flávio Faedo Aguenta, da Aprosoja, “na região sul, onde as lavouras estão em estágios mais avançados, as chuvas foram benéficas para o enchimento final dos grãos. Já na região centro-norte, onde parte do milho foi semeado mais tarde, essas precipitações foram cruciais para assegurar uma boa polinização e formação de espigas, fatores determinantes para a produtividade final”.
As precipitações de agora ajudaram a fechar um ciclo que já vinha satisfatório, uma vez que as chuvas de abril foram acima da média em todas as regiões do Estado, ajudando no desenvolvimento das lavouras, lembra o agrônomo.
Mas, a “preocupação agora se volta para o risco de geadas, que pode comprometer lavouras em estágios mais sensíveis. Na região sul e centro, onde as temperaturas são mais baixas, o milho que já está em final de ciclo e possui maior tolerância”, explica Flávio.
Ele, destaca, contudo, que “as lavouras em florescimento ou início de enchimento de grãos podem sofrer danos significativos caso ocorram eventos de geada”. Para alívio, estas lavouras estão, principalmente, “na região norte, onde o plantio foi mais tardio, e o risco de geadas é menor, mas ainda há dependência de algumas chuvas para garantir o pleno desenvolvimento das lavouras”.
De acordo com previsão feita na quarta-feira pelo instituto Climatempo, existia “previsão de geada na faixa sul e sudoeste” de Mato Grosso do Sul para esta quinta-feira (29).
Na prática, porém, os termômetros marcaram acima de quatro graus em praticamente todas as regiões produtoras, temperatura em que dificilmente ocorre o congelamento do orvalho. Conforme o meteorologista Natálio Abrahão, somente Iguatemi (3,7 graus) os termômetros marcaram menos que isso.
A geada, contudo, ainda pode surgir na madrugada desta sexta-feira. Mas, conforme o Climatempo, a probabilidade é mínima, uma vez que em Ponta Porã e no extremo sul do Estado, a mínima deve ser de cinco graus, temperatura em que dificilmente ocorre geada suficientemente forte para causar danos em plantações de milho ou cana-de-açúcar
E para aumentar o otimismo dos produtores de milho, existe, segundo o Climatempo, possibilidade de novas pancadas de chuva na próxima semana (terça-feira), o que seria fundamental para concluir o ciclo de crescimento das lavouras das regiões central e norte do Estado, que estão com desenvolvimento menos adiantado.
LUCRATIVIDADE
Apesar das boas condições climáticas, a Famasul mantém a estimativa de que sejam colhidas 80,8 sacas por hectare. A tendência, porém, é de que este volume seja superado na maior parte do Estado. Na safrinha de 2023, por exemplo, a média por hectare chegou perto de 101 sacas.
Conforme a Famasul, foram plantados 2,103 milhões de hectares, um pouco acima dos 2,102 milhões de hectares do ano anterior. A previsão é de que sejam colhidas 10,199 milhões de toneladas, o que representa aumento de 20,6% em relação ao ciclo anterior.
No começo do ano, a saca chegou a R$ 75,00. Agora, porém, por conta da previsão de grande oferta em todo o País, a cotação recuou para a casa dos R$ 54,00.
Mesmo assim, os produtores terão lucro. Segundo o economista Mateus Fernandes, a Aprosoja, o custo de produção por hectare ficou em R$ 3.278,83, o que na cotação atual significa em torno de 61 saca para cobrir as despesas.
E, como existe a previsão de que sejam colhidas 81 sacas, a tendência é de que sobre em torno de R$ 1,1 mil por hectare. Se os números se confirmarem, o lucro no Estado será da ordem R$ 2,3 bilhões.
Mas, levando em consideração que a tendência é de que sobrem em torno de 40 sacas por hectare, o lucro tende a ser o dobro desse valor.