CBF tem média de um nome no poder a cada 14 meses desde o fim da era Ricardo Teixeira

Samir Xaud assume a CBF neste domingo. Nos últimos 13 anos, apenas José Maria Marín completou mandato - encurtado pela renúncia de Ricardo Teixeira em 2012

BATANEWS/GE


Uma batalha incessante pela cadeira mais alta do futebol brasileiro. É o quadro da Confederação Brasileira de Futebol nos últimos 13 anos, desde o afastamento e depois da renúncia de Ricardo Teixeira, em março de 2012.

Samir Xaud, de 41 anos, será eleito neste domingo o novo presidente da CBF. É o 11º nome na presidência, entre interventores e interinos. A média em 13 anos é de um dirigente a cada 14 meses. O médico roraimense terá um desafio: completar o mandato, que vai até 2029. Algo raro nos últimos tempos conturbados.

No período, passaram pela presidência, seja como interino ou interventor, outros 10 nomes - veja a lista atualizada mais abaixo . Apenas um terminou mandato desde então: José Maria Marín, que nunca foi eleito, mas assumiu no lugar de Teixeira em 2012 e entregou a CBF para o aliado Marco Polo Del Nero em 2015.

Ednaldo Rodrigues foi interino, eleito e destituído duas vezes no período. O interinato foi condição que apareceu por algumas vezes nesse período posterior ao fim da era Teixeira na CBF - o dirigente mais longevo da história da CBF, com 23 anos no poder.

Banido do futebol por decisão da Fifa em 2019 - investigado dentro e fora do Brasil por recebimento de dinheiro em diversas operações no futebol -, Ricardo foi eleito para a CBF em 1989. Foi indicação direta de João Havelange, ex-presidente da CBF por 17 anos e todo poderoso da Fifa. Ele foi casado com a filha de Havelange.

Linha do tempo

2012

Após pedir licença médica, Ricardo Teixeira renúncia à presidência da CBF sob diversas acusações de corrupção. José Maria Marin assume imediatamente.

2014

Candidato único, Marco Polo Del Nero, ex-presidente da Federação Paulista de Futebol, é eleito para a sucessão de Marin - no ano seguinte, Marin chegou a ser preso na Suíça em uma operação do FBI em investigação de corrupção na Fifa.

2015

Em dezembro de 2015, no primeiro ano de mandato de Del Nero, também debaixo de acusações de corrupção, ele se licencia por 30 dias. Assume Marcus Antônio Vicente, ex-presidente da federação capixaba. Deputado federal, Vicente fica por 30 dias, até o dia 5 de janeiro de 2016.

2017

Depois de dois anos na presidência da CBF e situações indigestas como a decisão de não viajar para fora do Brasil sob risco de prisão, Del Nero foi afastado do cargo pela Fifa também por acusações de corrupção - num primeiro momento, provisoriamente por 90 dias. Em seu lugar assumiu Antonio Carlos Nunes da Silva, o Coronel Nunes, ex-presidente da federação paraense e vice-presidente eleito mais velho da CBF.

2019

Nunes permaneceu à frente da CBF até a ascensão de Rogério Caboclo, outro ex-dirigente da Federação Paulista de Futebol. Novamente com candidatura única, Caboclo foi eleito em 2018, tomando posse em cerimônia em abril de 2019. O mandato terminaria em abril de 2023, mas, após série de denúncias e investigações sobre assédio sexual e moral, Caboclo deixou o cargo em 2021 por determinação da Comissão de Ética criada pela CBF - depois, pelos votos em Assembleia Geral da CBF.

2021

Novamente como interino (pela terceira vez, as outras duas na gestão Del Nero), o Coronel Nunes assumiu a presidência da CBF no lugar de Rogério Caboclo. Em agosto, os vice-presidentes da CBF nomearam Ednaldo Rodrigues para concluir o mandato de Caboclo. Antes, no mesmo mês, por determinação judicial, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, e o presidente da federação paulista Reinaldo Carneiro Bastos foram nomeados interventores. Eles chegaram a assinar termo de confirmação no fórum judicial bem próximo da CBF, mas antes de assumirem outra decisão anulou a anterior.

2022

Presidente da federação baiana de futebol por 20 anos, Ednaldo Rodrigues foi candidato único e venceu as eleições na CBF. A eleição foi realizada sob protesto do ex-vice-presidente Gustavo Feijó, que tentou anular o pleito.

2023

Com mandato de quatro anos (até 2026), Ednaldo é deposto em julgamento de segunda instância no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por decisão unânime de três desembargadores. O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), José Perdiz, que assumiu o tribunal em maio, foi nomeado interventor por 30 dias para a realização de eleições na CBF. Ednaldo ainda tenta recurso em Brasília para voltar ao cargo.

2024/2025

Deposto no TJRJ, Ednaldo Rodrigues volta ao poder por decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes no Supremo Tribunal Federal. No fim do ano, ele consegue aprovar mudança de estatuto com possibilidade de duas reeleições, mas segue quadro de conflitos e rejeição no ambiente do futebol.Em março de 2025, Ednaldo é candidato único - Ronaldo Fenômeno chega a se apresentar, mas logo desiste sendo ignorado pelas federações - e vence com 100% dos votos possíveis.

Apenas dois meses depois, com acusações de falsidade de assinatura em acordo que encerrou imbróglio jurídico na CBF do ex-presidente Coronel Nunes, entre outras denúncias, ele cai no TJRJ de novo. Em seguida, desiste de recursos no STF.Com apoio de 25 das 27 federações, Samir Xaud será eleito no dia 25 de maio para mandato de quatro anos. 21 clubes decidem não ir votar em Samir e nem comparecem ao pleito.