Acendeu a luz amarela; Indústria de carne avalia que 2022 será desafiador

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Acendeu a luz amarela; Indústria de carne avalia que 2022 será desafiador

Exportação de carne bovina FOTO ILUSTRACAO INTERNET

A indústria de carne, que ainda tem um sério problema para resolver neste ano, devido àdemora da China em voltar a importar carne bovinabrasileira, vê o ano de 2022 como desafiador.

Alta de juros, inflação,desemprego e baixa rendados consumidores colocam o setor em alerta.

Ricardo Faria, presidente do conselho da Granja Faria, afirmou nesta quarta-feira (27), no AgroForum do BTG Pactual, que o cenário interno preocupa porque juros mais elevados dificultam investimentos, e a renda do consumidor não permitirárecomposição de margens.

Para Faria, esse cenário afeta principalmente produtores que têm animais confinados, que geram custos maiores. Ele cita a aceleração dos gastos na produção de ovos orgânicos, de ovos caipiras e de aves soltas.

Na avaliação dele, a situação é crítica e o setor vive um dos piores momentos na relação de troca, principalmente com a subida dos

Ele avalia, no entanto, que os custos do próximo ano serão menores, devido à estimativa de uma supersafra de grãos no país. Os dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam uma produção recorde, próxima de 290 milhões de toneladas.

O próximo ano, segundo o executivo, acende uma luz amarela e será um ponto de interrogação, principalmente no mercado interno.

Miguel Gularte, diretor-presidente da Marfrig para a Amércia do Sul, diz que o importante é que o fundamento básico do setor, a demanda, vai continuaracima da oferta, tanto no mercado interno como no externo.

Gularte concorda com Faria, no entanto, de que 2022 será um ano desafiador, devido ao ritmo fraco da economia.

O cenário econômico interno, mesmo com o auxílio de R$ 400 prometido pelo governo, dificilmente promoverá mudanças nas condições de renda do consumidor, tendo em vista o desemprego elevado e a inflação alta.

O setor continuará crescendo porque o país abre novos mercados. Para o executivo da Marfrig, as exportações são importantes, e o dólar ajudará nas vendas externas.

Além disso, o Brasil exportará para países que já estão em recuperação econômica, principalmente os asiáticos, que detêm 50% das importações mundiais de carne bovina. Entre eles, o executivo cita China, Hong Kong e Coreia do Sul, importantes para o mercado brasileiro.

Para Edison Ticle, diretor financeiro da Minerva Foods, a economia interna e obaixo poder de compra do consumidorleva a indústria a um não investimento.

O mercado interno está bastante fraco e a inflação poderá demorar para recuar. Será um ano de uma economia não pujante, de eleições e de volatilidade.

Quanto ao momento atual, ele avalia que a demora chinesa na retomada de importações se deva a dificuldades comerciais, ruídos políticos internos e estoques acumulados recentemente.

O retorno vai acontecer. Não dá para prever quando, mas será em breve. Claro que a carne poderá servir demoeda de trocanas negociações comerciais, afirma ele.

O setor de carne bovina ficou animado com as informações que circularam nesta terça-feira (26) de que a China havia permitido o primeiro desembarque de carne parada nos portos do país. A informação, porém, estava equivocada, segundo o Ministério da Agricultura. Por ora, não houve nenhuma liberação (Folha de S.Paulo, 28/10/21)